quinta-feira, 19 de abril de 2018

POEMAS EM HOMENAGEM A VITORIA DO MEARIM

Vitória do Mearim, homenagem ao seu aniversário de emancipação 

Sobe naquela árvore
Olha distante
Vê se avista aquela terra
Molhada de lembranças
Das mangueiras do Felisberto
E diz ao meu coração
Que tu vês as cenas
E cada foto
Das mangas
E sais
E tempero seco
Torrado
Socado
Debaixo dos Tamarindeiros
Pitombeiras e azeitoneiras

Depois
Olha para o lado
Vê se avista também
As águas do mearim
Descendo rio abaixo
E diz ao meu coracao
Se ainda estampa cada nado
Cada banho
E remada
Nas canoas
De Domingos e festas
Nas ondas dos garités

Sobe alto
Olha distante
Cada figura
Abraça os amigos da minha juventude
Fotografa cada esquina
Os bloquetes por mim pisados
Amassados
Passados
Pedalados
E sorridos

Vê se olha, também
Cada Beijo cuspido
Nos amores que deixei
Nas esquinas
No beco do padre
No canto escuro
Na rampa
E nos bancos da matriz

Susurra alto
Um dobrado chorado
Para se fazer ouvir
As quadrilhas
Os festejos
O cheiro dos lindos setembros
No coreto de Nazaré

Agora desce
Antes, dá adeus à pororoca
Aos camapuns nas capoeiras
Às coivaras
Às pipas de cerois
Perdidas nas lanceadas
Das tardes quentes
Aos urubus, por que não?
Às graúnas nos juncos da Cotia
Gralhando ao meio dia

Não esquece de acenar
À multidão
No desfile
Fotografar a baliza
Puxar a barba da velha
E acompanhar a procissão

Não se esqueça de dizer
A essa cidade
A minha cidade maravilhosa
Do meu amor
Da minha paixão
Do orgulho
De ser nascido nesse chão
De ter vivido o amor
Em cada canto desse torrão.

Texto de @⁨Francisco Dutra⁩
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Francisco Dutra
Natural de Vitória do Mearim, Auditor de Controle Externo do Tribunal de Contas do Estado do Maranhão, Contador e Formado em Direito pela Universidade Federal do Maranhão.
Mudou-se para São Luís no final da década de 90, onde reside atualmente.
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MINHA TERRA, MINHA VITÓRIA

Fui menino nessas terras;
No Rio e campos, nas serras,
Vivi grandes emoções!...
Cresci brincando e sorrindo;
Gozei de amor, tão infindo;
Tive tão belas paixões!...

Cada canto da cidade
Me traz profunda saudade
Dos meus dourados momentos!...
Esta terra está em meu peito,
Por ela tenho respeito,
Belos e bons sentimentos!

O Rio é meu companheiro,
É como irmão verdadeiro,
É fonte de inspiração!
É brilho nesta minh’alma;
Nele desfruto de calma
E viajo na sua amplidão!

Seu povo e toda sua gente
São como um lar tão contente,
Desfrutam felicidades:
Dizem "sim" perante a vida,
Fazem-na bela e vivida,
Vencem as dificuldades.

É uma terra hospitaleira,
De gente tão verdadeira,
E um povo tão educado.
Aqui qualquer visitante
Tem um ar aconchegante
E sente-se bem amado.

Terra de encantos, de história,
Ó minha linda Vitória,
Estás em meu coração!
Amo-te assim tão profundo,
O maior amor do mundo
Tão repleto de emoção!

Suas matas são verdejantes,
Suas palmeiras, gigantes,
Seu ar é puro e faz bem!
Aqui a vida é só festa,
E o belo se manifesta
Em tudo, e tudo convém!

Nesse teu aniversário
O povo é o estatuário
Dessa tão grande alegria!
Viverás, minha Vitória,
Acima de qualquer glória,
Com uma intensa energia!
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César Oliveira














Texto de César Oliveira

CÉSAR OLIVEIRA é formado em Direito, escritor e autor de salmos evangélicos, artigos literários, jurídicos e filosóficos.



(Esta poesia foi a vencedora do concurso de poesia organizado pela Prefeitura Municipal de Vitória do Mearim, em 19 de abril de 2008, em comemoração ao aniversário do município).



terça-feira, 17 de abril de 2018

VITÓRIA DO MEARIM: BREVE HISTÓRICO




(Washington Cantanhede)*

Vitória do Mearim é o município mais antigo de toda a região banhada pelo Rio Mearim e a sua sede, pela altitude privilegiada, foi o local onde o colonizador português venceu definitivamente as águas revoltas do baixo curso desse rio, fato aceito, à míngua de comprovação diversa, como a origem do topônimo.
Das primeiras incursões pelo Rio Mearim, nos séculos XVI e XVII, avulta, hoje, a epopeia de Manoel Beckman (final dos anos 1600), dono do Engenho Vera Cruz. A sede da propriedade ficava onde é o centro da cidade de Vitória do Mearim, segundo os relatos orais tradicionais, colhidos pelo médico e historiador César Marques nos anos 1860 (Dicionário Histórico-Geográfico da Província do Maranhão, 1870) e ouvidos dos mais velhos até meados do Século XX. A tradição vem sendo corroborada nos últimos anos por indícios vários e concordantes colhidos da documentação oficial daquela época. Bequimão, como era conhecido, liderou uma revolta contra a espoliação sofrida pelos colonos do Maranhão e, por isso, foi condenado à morte na forca.
Depois desse fato, a área do engenho ficou abandonada e, com o passar do tempo, foi ocupada por posseiros diversos, sucessivamente. Criado em 1747 o Julgado do Mearim pela Coroa Portuguesa, a sua sede ficou sendo no pequeno povoado que ali já então crescia, mercê das suas qualidades naturais e beneficiado pela cessação dos ataques indígenas que haviam assolado os estabelecimentos coloniais da região por um século.
Em 1723 fora criada a Freguesia de Nossa Senhora de Nazaré da Ribeira do Mearim, sediada no lugar denominado Sítio, tendo como primeiro vigário o padre e fidalgo da Casa Real Portuguesa José da Cunha d’Eça, mentor da referida paróquia e instituidor do seu primeiro patrimônio. Existiam então em toda a região (Ribeira do Mearim) apenas alguns engenhos, cada um com poucas dezenas de pessoas, além de uma residência de religiosos mercedários e outros moradores dispersos. Eram “quinhentas almas privadas de sacramentos” a justificar a criação da freguesia.
No final da década de 1770, funcionando o Julgado do Mearim, com seu juiz ordinário, escolhido anualmente pela Câmara de São Luís para exercer poderes administrativos e judiciais, foi autorizada pelo governo a mudança da igreja matriz da freguesia, motivada pelas inundações devastadoras do Mearim, que inviabilizaram aquele projeto inicial de povoamento. Deu-se então a transferência para o novo sítio, onde estava surgindo a Vitória do Mearim de hoje. Em meados da década seguinte, foi inaugurada a igreja, construída pela Coroa, embora tenham também os moradores contribuído com materiais para a obra.
A antiga sede da freguesia passou a ser chamada de Sítio Velho e, depois, voltou a ser apenas Sítio, nome pelo qual o lugar, já deserto, é até hoje conhecido. Fica no Município de Arari, este criado em 1864, por desmembramento do de Vitória.
Parcialmente emancipada desde 1747, Vitória do Mearim foi oficialmente elevada à condição de município (Vila do Mearim), desmembrada do território de São Luís, pela resolução de 19 de abril de 1833, do Conselho Geral da Província do Maranhão, haja vista preencher os requisitos legais para isso, pois, dando 7 eleitores, tinha maior número de fogos do que os exigidos para a criação de qualquer vila, como declarado pelos moradores, ao governo, dois anos antes. A 7 de janeiro de 1834, deu-se a instalação da nova célula político-administrativa, com a posse de sua primeira Câmara Municipal, cujo presidente e, por isso, chefe do governo local, na condição de vereador mais votado, era Bernardo José Nogueira. Abrangia, praticamente, toda a extensão das terras banhadas pelo Rio Mearim e aquelas da segunda metade do curso do Grajaú. Naquela época, existiam, na Província do Maranhão, apenas treze municípios e somente o da capital, São Luís, tinha sede com status de cidade.  
Inicialmente, a Vila do Mearim foi termo judiciário das comarcas de Itapecuru (1833-1835) e Viana (1835-1872). O primeiro juiz municipal e o primeiro promotor público, nomeados pelo Governo Provincial, em 1834, mediante proposta da Câmara Municipal em listas tríplices, foram, respectivamente, os cidadãos João Duarte Dornelles e João Francisco Serejo.  
De algum lugar do território da Vila do Mearim pode ter partido, num dia do final de 1838, o piauiense Raimundo Gomes Vieira Jutahy para atear o fogo que, durante três anos, incendiou o Maranhão na guerra civil que passou para a história com o nome de Balaiada. Ele fora vaqueiro do Pe. Inácio Mendes de Moraes e Silva, sacerdote que vivia, sem cargo eclesiástico, cultivando fazendas às margens do Mearim, nos distritos de Vitória, Arari e Anajatuba. Também no território da Vila, aquela guerra teve fim, no início de 1841, com a derrota, no lugar Calabouço, e a prisão, no lugar Salamantinha, do líder rebelde remanescente, o negro quilombola Cosme Bento das Chagas.
Em 1872, foi criada a Comarca do Baixo Mearim, compreendendo os termos do Mearim (Vitória), de Arari e de Anajatuba, com sede no primeiro. Instalada no início do ano seguinte, o primeiro juiz de direito foi o Dr. Joaquim Rodrigues Seixas, e o primeiro promotor público nomeado, o Dr. Pedro Jansen Ferreira, numa época de constante atuação de promotores adjuntos, sendo o primeiro deles, no termo sede, Jacintho José da Costa, que assumiu em março de 1873.
Proclamada a República, a antiga Vila do Mearim era já conhecida como Vila do Baixo Mearim e Victória do Baixo Mearim. No novo regime, o primeiro chefe da comuna (presidente do Conselho de Intendência) foi Francisco Manoel Gomes (1890). Realizadas as primeiras eleições (1892), saíram eleitos, para intendente municipal, José Paulino Ribeiro de Morais, piauiense radicado no Mearim há bastante tempo, figurando Francisco Manoel Gomes como o vereador mais votado.
Com a mudança da denominação do cargo de chefe da municipalidade, em 1919, o intendente Raymundo Francisco Gomes, filho de Francisco Manoel Gomes, passou à condição de prefeito municipal, mas o primeiro eleito para exercer tal cargo foi Ângelo Custódio de Mattos, em 1922.
Naquele ano, chegou à Vila, assumindo a Paróquia de Nossa Senhora de Nazaré, o jovem Pe. Eliud Nunes Arouche, que dedicou toda a sua vida ao povo vitoriense, servindo-o como pastor, educador e chefe político. Ao morrer, em 1969, legou à comunidade que adotara o mais importante educandário do lugar, o Instituto Nossa Senhora de Nazaré, semente plantada em 1923, e a aurora de uma nova era político-administrativa, já livre o Município do ranço obscurantista que o manteve preso a práticas obsoletas até o início dos anos 1960, com raríssimas exceções, como a administração de Lourenço Pereira Pinto (1951-1953), em que, além de outras iniciativas importantes, a cidade conheceu iluminação pública a energia elétrica.
O trabalho do Cônego Eliud foi continuado por seus sucessores, notadamente os italianos Pe. Sergio Ielmetti, que chegou a Vitória do Mearim em 1969 e hoje, aposentado, é o seu pároco emérito, com obras no campo religioso e social reconhecidas por todos; e Pe. Franco Manetti, que esteve à frente da paróquia de 1996 a 2017, quando, em janeiro, retornou à Itália.
Ao longo de sua história, o povo vitoriense foi marcado pela atuação dos sacerdotes da Igreja Católica, sob a égide da qual nasceu e vigorou. Deixaram sua marca na cidade, além dos já citados, os padres José Lourenço Bogea (pároco de 1835 a 1869), João Emiliano do Lago (de 1870 a 1885) e Arthur Macário Lopes Gonçalves (homônimo do seu tio deputado), este um filho da terra que, embora não sendo pároco, muito contribuiu para o desenvolvimento local, pois foi um benfeitor nas áreas de educação, saúde, sindicalismo e assistência social.
Em 1923, a sede do Município foi elevada à condição de cidade, por lei estadual, que oficializou o nome de Vitória do Baixo Mearim. Quinze anos depois, por determinação do interventor Paulo Ramos, receberia a denominação simplória de Baixo Mearim, que muito desagradou aos seus filhos. Finalmente, em 1948, adveio o topônimo definitivo: Vitória do Mearim.
As perdas territoriais tornaram-se uma constante na história vitoriense. As primeiras aconteceram em 1854, com a cessão da maior parte do território que formou o município de Anajatuba e de parte das terras que formaram os municípios de Barra do Corda e São Luiz Gonzaga. As últimas ocorreram em 1997, quando foram instalados os municípios de Igarapé do Meio, Bela Vista do Maranhão e Conceição do Lago Açu, constituídos integralmente com áreas que pertenciam a Vitória do Mearim.
Hoje, a velha cidade ribeirinha é um entroncamento rodoferroviário, o que, concomitantemente com determinados benefícios do progresso, lhe trouxe a formação de bairros desordenados urbanisticamente, carentes os seus moradores de serviços públicos, como, de resto, o grosso da população. O inchaço da cidade veio acompanhado da escalada da violência.
Verdadeiro portal da Baixada Maranhense, onde se destacam os campos naturais inundáveis, banhado por dois grandes rios, por isso que com terras férteis e água em abundância o ano inteiro, e muito próximo dos terminais portuários da Ilha de São Luís, com os quais se comunica por vias rodoviária (BR-222 e BR-135) e ferroviária (estrada Serra de Carajás—Ponta da Madeira), o Município é vocacionado para sediar empreendimentos econômicos das áreas tradicionais, mas também o ecoturismo, sem esquecer a possibilidade de ações públicas para fomento do turismo histórico-cultural, haja vista a riqueza de suas tradições.
Além dos notáveis citados anteriormente, a história do Município de Vitória do Mearim registra o nascimento ou a atuação, em suas terras, das seguintes personalidades, entre outras do passado histórico estadual e nacional:
Antenor Américo Mourão Bogea, promotor público, deputado federal e jurista de escol (anos 1940 e 1950), e seu primo Raimundo Rodrigues Bogea (Manduca Bogea), deputado estadual (anos 1950 e 1960), ambos filhos de Grajaú, mas com raízes familiares em Vitória do Mearim, onde residiu o primeiro quando criança e onde os dois sempre tiveram grande prestígio político; Antônio Machado e Gabriel Malagrida, missionários jesuítas (Século 18); Arcelina Rodrigues Mochel, promotora pública em Vitória do Mearim (1940), que depois se destacou, no Rio de Janeiro, como líder feminista, tendo sido também vereadora do Distrito Federal; Arthur Macário Lopes Gonçalves (vitoriense) e Leocádio Zeferino Bogea, deputados estaduais, representando o Baixo Mearim (fins do Século 19); Augusto César dos Reis Rayol, poeta vitoriense (Século 19); Augusto César Lopes Gonçalves (Senador Lopes Gonçalves), jurista, historiador e político vitoriense radicado em Manaus e, depois, no Rio de Janeiro (1865-1938); Barão do Mearim (José Teodoro Correa de Azevedo Coutinho), fazendeiro na região, assim como o seu pai (início do Séc. XIX); Bartolomeu dos Santos (Coxinho), poeta popular e cantador vitoriense (1910-1991); Bernardo Pereira de Berredo e Castro, governador do Maranhão, casado na Ribeira do Mearim e fazendeiro na região (início do Século 18); César Augusto Marques, médico e historiador que, a serviço, esteve na Vila do Mearim por duas vezes, nos anos 1860, ocasiões em que colheu preciosas informações sobre a história local, publicando-as pioneiramente a partir de 1867; Jesus Norberto Gomes, farmacêutico vitoriense, inventor do Guaraná Jesus, entre outros produtos (1891-1963); José de Ribamar Nóbrega de Galiza, romancista, contista e cronista vitoriense radicado, finalmente, no Rio de Janeiro (1915-1987); José Miguel Pereira Cardoso, médico e político, primeiro vitoriense a obter graduação universitária (1797-1865); José Pereira da Graça Aranha, escritor e juiz da Comarca, descendente dos Maciel Aranha da região (1868-1931); Lourenço Maciel Parente (1762-1813), fazendeiro vitoriense que obteve, mercê da sua ancestralidade, o título de fidalgo da Casa Real Portuguesa, sendo-lhe passada carta de brasão de armas; Luiz Cortez Vieira da Silva (vitoriense), juiz de direito do Baixo Mearim (1946) que chegou a ser desembargador; Manoel Correa do Lago e Dehork de Paula Gonçalves, generais do Exército Brasileiro (1ª metade do Sec. 20), vitorienses que se radicaram, respectivamente, no Rio de Janeiro e Manaus; Manoel Lourenço Bogea, oficial da Guarda Nacional, chefe político na Vila do Mearim, e Manoel Bogea Duarte do Vale, deputados provinciais vitorienses no Século 19; Pedro Braga Filho, médico, alto funcionário público e deputado federal nas décadas de 1950 e 1960, que, embora filho de Barra do Corda, associou seu nome à história de Vitória do Mearim após casar-se com uma das filhas de Antonio Nilo da Costa, chefe político local com quem realizou exitosa parceira política; Pedro Nunes Cutrim (Major Cutrim), oficial da Guarda Nacional, chefe político na Vila do Mearim e deputado estadual no início do Século 20; Theodoro Gonçalves Neto (vitoriense), promotor público, juiz de direito, procurador geral do estado e membro, como juiz convocado, do Superior Tribunal de Justiça, no Amazonas, na 1ª metade do Séc. XX; Trajano Galvão de Carvalho, poeta vitoriense, primeiro a fazer o elogio da raça negra na poesia brasileira (1830-1864); Urbano Santos da Costa Araújo, promotor público da Comarca do Baixo Mearim (1882) que foi governador do Estado do Maranhão, senador da República e vice-presidente da República por duas vezes, chegando a assumir a Presidência por um mês; e Vinícius César Silva de Berredo, poeta e tradutor vitoriense radicado no Ceará (1904-1969).
No início do ano 2000, surgiu a Academia Arariense-Vitoriense de Letras (AVL), idealizada pelos vitorienses Washington Luiz Maciel Cantanhede (Promotor de Justiça e historiador de Vitória do Mearim), José de Arimatea Leite Coelho (poeta, contista e cronista) e Aírton Marinho Macedo (artista plástico), e formatada e organizada por eles e pelos ararienses João Francisco Batalha (economiário aposentado, jornalista e historiador de Arari) e José de Ribamar Fernandes (poeta e cronista), num primeiro momento, ao qual se seguiu a adesão de outros vitorienses e ararienses que também participaram das reuniões preparatórias, realizadas entre 30 de outubro de 1999 e 9 de janeiro de 2000.
A 29.01.2000, AVL foi fundada tendo por fins a valorização e a defesa da cultura local, o estímulo à produção e à difusão das manifestações culturais de cunho individual dos moradores do Baixo Mearim, e o intercâmbio de idéias com outros centros de atividade cultural, congêneres ou não. Formaram o grupo fundador: Antonio Moyses da Silva Neto, Agnor Lincoln da Costa, Dinacy Mendonça Correa, Washington Luiz Maciel Cantanhêde, Maria do Amparo Coelho dos Santos, Aírton Marinho Macedo, Jorge Luís Fernandes Campos, José de Ribamar Carneiro Sobrinho, João Francisco Batalha, Sérgio Ielmetti, Leão Santos Neto, Luís Henrique Everton, Antonio Rafael da Silva, José Ribamar Santos Vaz, Éden do Carmo Soares, Francisco Ribeiro Júnior, Almir Coelho Sobrinho, José de Ribamar Fernandes, José de Ribamar Muniz Pinto, José de Arimatea Leite Coelho e Raimundo César Abas Prazeres.
Segundo o seu estatuto atual, de 2005, a AVL tem por fins: a) a promoção, valorização, defesa e conservação da cultura, em amplo sentido, nos municípios maranhenses de Vitória do Mearim e Arari, podendo pleitear, administrativa e judicialmente, em defesa do patrimônio histórico, artístico e cultural local; b) a promoção da cidadania, dos direitos humanos e da democracia, em suas interfaces com a cultura, na região; c) a realização de estudos e pesquisas, produção e divulgação de informações e conhecimentos, técnicos e científicos, que digam respeito à realidade ambiental, social, econômica, política e cultural da região do baixo curso do Rio Mearim; d) o estímulo à produção e à difusão das manifestações culturais de cunho individual dos moradores de Arari e Vitória do Mearim; e e) o intercâmbio de ideias com outros centros de atividade cultural, congêneres ou não.
Como, no que tange à história local, infelizmente, muito do que se difundiu nas últimas décadas está eivado de erros e omissões (fatos, datas, relações de causa e efeito, circunstâncias e até nomes próprios são erradamente mencionados em determinadas obras, como a Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, publicada pelo IBGE em 1959), pesquisa criteriosa vem sendo empreendida na tentativa de restaurar a verdade histórica. Membros da AVL, sem que a entidade descure dos outros ramos do conhecimento que se propõe a explorar, vêm se dedicando com êxito a esse mister, recuando aos primórdios da colonização do Rio Mearim e adentrando a história plurissecular do povo que às suas margens floresceu, onde o pranto e o suor indígena e negro, sob a sinistra canção do chicote branco, irrigaram o solo propício para a agricultura, que, até hoje, constitui sua atividade econômica preponderante.

RELAÇÃO DOS CHEFES DA MUNICIPALIDADE (REPÚBLICA)*

a) Presidentes do Conselho de Intendência (1890—1892)
      Francisco Manoel Gomes
      Manoel Gomes Cortez
Carlos Theodoro Gonçalves
Pedro Nunes Cutrim
Felippe Pereira de Sampaio
b) Intendentes (1893—1919)
Lupércio Antonio Bogea Sobrinho                  
Silvestre Antonio Pinto
Viriato Olímpio Figueredo
Raymundo Francisco Gomes
Raymundo Bertholino Fernandes
Leandro Antonio da Ericeira
Marcelino Marinho Barros
Raymundo Francisco Gomes
c) Prefeitos (1919—2018)
Raymundo Francisco Gomes
Ângelo Custódio de Mattos
Aurélio José de Mattos
José Antonio de Mattos
Pedro José Lopes Gonçalves
Raymundo Bertholino Fernandes
Osvaldo Ferreira
Heitor Moraes
Nélson Porto
Domingos Solano dos Santos
José Veiga
Aurélio José de Mattos
Paulo Cardoso Gomes
Joaquim José da Costa
Antonio Nilo da Costa
Clóvis Laureano Rodrigues Pinto
Antonio Nilo da Costa
Pedro José Lopes Gonçalves (titular) 
e Sebastião da Costa Sampaio (vice)
Lourenço Pereira Pinto (titular) e José Gervásio Maciel (vice)
Raimundo Antonio Maciel (titular) 
e José Maria Lopes Gonçalves (vice)
Urany Gusmão da Costa
José de Ribamar de Matos
Cristovam Dutra Martins
Maria do Socorro Sampaio de Matos
Jorge Moisés da Silva
Lourival José Coelho (titular falecido), 
Marenildes Alves de Souza Melo (vice falecida) 
e Manoel Antonio Maciel (presidente da Câmara)
Jorge Moisés da Silva (titular falecido) 
e José de Ribamar de Matos (vice)
Reginaldo Rios Pearce
Antonio Normando Bezerra de Farias
Reginaldo Rios Pearce
José Mário Pinto Costa
Dóris de Fátima Ribeiro Pearce
Dídima Maria Correa Coelho


*Washington Cantanhêde é membro-fundador da AVL, escritor e historiador
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Marcelino Marinho Barros












sábado, 7 de abril de 2018

MORRE O POETA ANTONIO MOYSES



O VITORIENSE 
ANTÔNIO MOYSES DA SILVA NETO:
POETA, PROFESSOR, TÉCNICO E POLÍTICO

Texto: Washington Cantanhêde

Nascido na cidade de Vitória do Mearim a 8 de agosto de 1946,  Antonio Moyses da Silva Neto, fundador e ocupante da Cadeira nº 1 da Academia Arariense-Vitoriense de Letras - AVL (patrona: professora Ana Bogea Gonçalves), faleceu e foi sepultado em 6 de abril de 2018 – aos 71 anos de idade, portanto – após dois meses de sofrimento sob internação hospitalar em decorrência de uma pneumonia, com outras complicações ocorridas nesse período.
 
Os pais de Moysés,
Miguel (falecido nos anos 60)  e Lolinha
(ao centro, parte superior)
Já não está entre nós, em matéria, o neto do libanês Antônio Moyses da Silva (que no Líbano tinha o sobrenome Moyses Abussale) e da síria Salma Bichara, radicados em Vitória do Mearim; o filho de Miguel Moysés da Silva e Valdemira Marinho da Silva (D. Lolinha), esta pertencente à tão vasta quanto importante e antiga família Marinho; o irmão das professoras Marly e Marlene que, assim como o pai, foi importante politico na sua terra.

Repousa sob a campa fria, solitário, o conhecido Professor Moyses, que lecionou Geografia em vários colégios e na maioria dos cursos pré-vestibulares de São Luís desde os anos 1970; e, licenciado em Geografia pela Universidade Federal do Maranhão, foi professor desse curso da mesma instituição a partir de 1980.
  

Deixou-nos no final da tarde deste triste 6 de abril de 2018 o técnico renomado da área de meio ambiente do Governo do Estado do Maranhão, onde exerceu importantes cargos de direção, como o de secretário executivo do Conselho Estadual do Meio Ambiente, chegando a ser secretário de estado do meio ambiente. Especialista em Planejamento e Desenvolvimento Regional e em Elaboração e Análise de Projetos, participou de várias comissões técnicas para estudo da viabilidade de implantação de projetos da área econômica no Maranhão. Reconhecido pela sua competência profissional, exerceu o cargo máximo (gerente executivo) do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente-IBAMA no Maranhão, de 20/01/1999 a 04/04/2003.





Já não podemos comprazer-nos com o sorriso largo e acolhedor e a preocupação paternal para com os amigos que caracterizavam aquele que foi vereador de Vitória do Mearim (1973/1977), dirigente partidário em sua terra, candidato a vice-prefeito em 1988, a deputado estadual em 1990 e a prefeito em 1992, sempre obtendo expressivas votações.

Dói-nos sobremaneira já não podermos ouvir o poeta festejado declamando um dos seus poemas inéditos em meio a festiva confraternização com amigos e familiares, daquelas tão fartamente promovidas em sua casa.

Hoje, em nome próprio e no da Academia Arariense-Vitoriense de Letras, que com ele e vários outros vitorienses, assim como ararienses, fundamos em 29.01.2000, tive a oportunidade de dizer, publicamente, despedindo-me do conterrâneo ante o seu corpo inerte, da influência que ele exerceu sobre mim, desde quando, em meados dos anos 1970, ainda adolescente, travei contato com a sua obra, levado, que fui, a declamar publicamente alguns de seus poemas. Nunca mais o perdi de vista. Mirei-me nele como um dos exemplos a seguir na vida – o canto de vitória do menino de família humilde na capital do Estado, mercê do estudo e da obstinação.

O primeiro poema de Moyses, A barca, ele o escreveu aos 12 anos de idade, celebrando o ir-e-vir das lanchas pelo Mearim. Parte de sua obra poética está em uma coletânea e no único livro que publicou, Os tamancos do vaqueiro, ambos de 1975.







Foi como membro da chamada “geração hora de guarnicê” que Antonio Moyses Neto inscreveu o seu nome na história da literatura maranhense. Aquela geração despontou no início dos anos 1970, na efervescência da ditadura militar, resultando da sua produção poética uma amostra publicada em 1975, sob a orientação do saudoso Jomar Moraes: a supracitada coletânea, intitulada Hora de Guarnicê – poesia nova do Maranhão, com poemas de Moyses, Chagas Val, Cyro Falcão, Cunha Santos Filho, Edmilson Costa, Francisco Tribuzi, Henrique Correa, João Alexandre Jr., Johão Wbaldo, Luís Augusto Cassas, Raimundo Fontenele, Rossini Correa, Valdelino Cécio e Viriato Gaspar – a maioria dos quais, como se vê, ganhou destaque no cenário cultural do Maranhão dos anos seguintes, sendo, para além dessa importância regional, um nome nacional, hoje, o de Luís Augusto Cassas.

Aquela geração marcou um momento significativo da história literária maranhense no Século XX, saudado por Josué Montelo, no prólogo da coletânea, como uma hora de assunção de compromisso dos jovens poetas com os valores de sua terra e de sua gente, até no nome escolhido para a coletânea, próprio do linguajar do folguedo do bumba-meu-boi, trazendo, assim, “a inspiração da terra, recolhida nas fontes mais profundas de sua cultura popular” e “uma mensagem de angústia, de indagação ou de intuição das horas advindas”.

Moyses foi, por tudo isso, um dos mais importantes vitorienses da atualidade. Vitória do Mearim reconhece-o mais como o político de expressão local, mas o Maranhão o tem como o excelente técnico que ele mostrou ser nos cargos relevantes que ocupou, mercê do seu inegável preparo, e como um verbete da história da cultura do Estado. 

A sua obra continuará frutificando. E não somente porque os seus vários trabalhos inéditos reclamam a publicação que a família enlutada, de par com a Academia Arariense-Vitoriense de Letras, já anuncia que trará a lume oportunamente. Continuará dando frutos, também e principalmente, na trajetória profissional e pessoal dos filhos Miguel Antônio, Ricardo e Michele, que ele tão bem soube preparar para a vida, ao lado da sua abnegada esposa Vilma Figueiredo da Silva. 


Moysés e sua irmã a professora Marly Moyses

Moysés, de chapéu e calça azul, conversa seus conterrâneos
no velho Abrigo da Praça Rio Branco

Moyses ladeado pelos filhos André e Miguel

Lolinha, mãe de Moyses, ao lado
do seu afilhado Paulo Tarso Barros


Que sigam a sua esposa e os seus filhos e netos norteados pelo exemplo de inspiração, competência e garra que constitui o seu maior legado!

Vida assim, tão rica de significados e realizações, é também, sem dúvida, grande facho a iluminar os passos dos seus conterrâneos de Vitória do Mearim.

Descanse em paz, caro amigo, conterrâneo e confrade, coparticipe do sonho da AVL, Antônio Moyses da Silva Neto!

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A prefeita de Vitória do Mearim, Dídima Maria Corrêa Coêlho, decretou luto oficial de 3 dias em memória do poeta, acadêmico da AVL e ex-vereador Antonio Moyses Neto.




A VIAGEM INCONCLUSA, REMEMORADA 30 ANOS DEPOIS

  Na estrada, a morte súbita do prefeito Jorge Moisés ao anoitecer. As consequências políticas do fato histórico vitoriense. Por Washington...