quarta-feira, 18 de março de 2020

DATA HISTÓRICA EM NOSSA TERRA

👏👏👏👏297 DE FUNDAÇÃO DA PARÓQUIA DE NOSSA SENHORA DE NAZARÉ
✍️Texto: Washington Cantanhede

18 de março é uma data importante para Vitória do Mearim , mais antigo município banhado por este rio, e para toda a região do seu baixo curso.
Comemora-se o aniversário da Paróquia de Nossa Senhora de Nazaré.
Foi há 297 anos que nesta data, mediante resolução régia, criou-se a dita paróquia, marco fundamental da colonização regional.
A propósito da efeméride, temos importante comunicado a fazer, que segue.

COMUNICADO DE CELEBRAÇÃO DE PARCERIA ESPECÍFICA COM A PARÓQUIA
DE VITÓRIA DO MEARIM
Nós, componentes da Diretoria da Academia Vitoriense, representando a maioria dos seus membros, reunidos no sábado à noite, dia 14, na cidade de Vitória do Mearim, a despeito de termos então resolvido suspender a realização de eventos públicos até o final de maio (o que, hoje, já está obrigatoriamente suspenso por determinação governamental), resolvemos também, entretanto, propor ao padre Isaac Góis, vigário da Paróquia de Nossa Senhora de Nazaré, uma parceria que, tendo recebido dele plena aprovação em reunião realizada na manhã de domingo, dia 15, na Casa Paroquial, representa a assunção de compromissos importantes para a cultura local, amplos em conteúdo e extensão temporal - principal atividade que poderemos desenvolver nos próximos três (3) anos na cidade.
Trata-se da cooperação entre a Academia Vitoriense e a Paróquia de Nossa Senhora de Nazaré de Vitória do Mearim para planejamento, organização e realização das comemorações do tricentenário da Paróquia, a 5a. mais antiga do Maranhão, efeméride a celebrar-se em 18 de março de 2023.
Além do lançamento da obra Pátrio Mearim , que o acadêmico Washington Cantanhede pretende seja a definitiva de sua lavra sobre a história local (com alcance temático regional), desde logo ficaram previstas estas realizações conjuntas:
- evento sobre a história e a cultura regionais, que ponha em destaque o tricentenário da Paróquia e a sua colocação entre as cinco mais antigas do Maranhão;
- inauguração, como ponto alto das comemorações na seara cultural, do Memorial da Paróquia, com nichos para destaque dos objetos de arte sacra de que dispõe a igreja matriz; e objetos de valor histórico e memorialístico da Paróquia como um todo, entre os quais elementos que evoquem a memória de importantes sacerdotes, a exemplo dos párocos do século XX, cônego Eliud Nunes Arouche e monsenhor Sérgio Ielmetti; bem como outros importantes itens do acervo disponível; e
- revitalização da banda musical da Paróquia
Para isso, o Padre Isaac estará autorizando nos próximos dias os dirigentes de vários setores da Paróquia a possibilitar o acesso da Diretoria da Academia a todo o acervo supracitado, que assim será, como primeiro passo para a elaboração de um projeto técnico, inventariado para a referida finalidade museológica.
A seguir, foto dos participantes da reunião realizada na manhã de domingo na Casa Paroquial, feita ao final daquele momento.
Vitória do Mearim, 18 de março de 2020, dia do aniversário de 297 anos da criação da Paróquia de Nossa Senhora de Nazaré.
✍️Washington Luiz Maciel Cantanhede - Presidente da AV
✍️José de Arimatea Leite Coelho - Vice-presidente da AV
✍️Maria dos Reis Rocha Mendonça - Secretária da AV

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Na foto, Igreja matriz de N. S. de Nazaré.
Padre Osvaldo Fernandes (vigário auxiliar e membro da AV), presidente Washington Cantanhede (AV), Padre Isaac Góis (pároco), presidente Arimatea Coelho (AVL) e Professora Maria dos Reis (secretária da AV e vice-presidente da AVL)

sábado, 1 de fevereiro de 2020

CRISTOVAM DUTRA MARTINS: 50 ANOS DE SUA POSSE NA PREFEITURA DE VITÓRIA DO MEARIM


CRISTOVAM DUTRA MARTINS, PREFEITO DE VITÓRIA DO 
MEARIM: 50 ANOS ATRÁS

Texto: Washington Luiz Maciel Cantanhêde


CRISTOVAM DUTRA MARTINS


No dia 31 de janeiro de 1970 – portanto, há 50 anos –, tomou posse no cargo de prefeito municipal de Vitória do Mearim o advogado provisionado Cristovam Dutra Martins. Seu vice era José Maria Rodrigues, que, pela segunda vez, assumia tal cargo, haja vista que, dois mandatos antes, fora eleito juntamente com o prefeito Urany Gusmão da Costa.

Cristovam e José Maria tinham sido eleitos para cumprir no Poder Executivo Municipal o terceiro mandato do grupo inicialmente liderado pelo cônego Eliud Nunes Arouche, pároco local falecido em 1969; grupo, por isso, em 1970, já sob o comando do prefeito José de Ribamar de Mattos.

Aquela eleição, em 1969, mudaria o panorama político municipal e selaria o destino político de vários líderes locais. Desde o lançamento da candidatura, um problema fora gerado, pois Lourival José Coelho, integrante do grupo, sentindo-se preterido na escolha, abriu uma dissidência no único partido então existente no Município, a Aliança Renovadora Nacional (ARENA), agremiação que então representava e defendia o regime político de exceção, instalado em 1964 e intensificado em 1968 com o Ato Institucional No. 5, o famigerado AI-5.

Lançando-se candidato a prefeito por sublegenda do mesmo partido, a ARENA 2, Lourival Coelho conseguiu levar como candidato a vice-prefeito na sua chapa o presidente da Câmara Municipal, vereador Jorge Moisés da Silva.

Cristovam e José Maria venceram a eleição pela sublegenda ARENA 1, apoiados pelo prefeito Ribamar de Mattos, mas estava constituída a beligerância político-partidária que marcaria o Município até o ano de 1988: Ribamar de Mattos e seu grupo de um lado; Jorge Moisés e|ou Lourival Coelho e seu grupo, do outro.

A sucessão na prefeitura municipal, nos mandatos seguintes, se faria sob a titularidade de Maria do Socorro Sampaio de Mattos, esposa de Ribamar de Mattos, que fora impedido, por motivo hoje considerado até jocoso, de participar do pleito (a primeira prefeita de Vitória, que teve como vice José da Silva Gomes e venceu a chapa encabeçada por Jorge Moisés – este com o vice João Evangelista Rodrigues, um pastor da Assembleia de Deus local –, seria a última do seu grupo, em eleição bastante disputada e conturbada); Jorge Moisés, com o vice Fernando Melo, que venceram José Maria Rodrigues e o candidato a seu vice Juarez de Jesus dos Prazeres; e Lourival José Coelho, com a vice Marenilde Alves de Sousa Melo, esposa do vice anterior, que venceram a dupla Ribamar de Mattos  (prefeito) e Urany Gusmão da Costa (vice).

Essas disputas foram travadas entre sublegendas da mesma ARENA, exceto a última, pois, na época, estava já extinta aquela agremiação. Era o início da abertura democrática (1982) e em lugar da ARENA fora fundado o Partido Democrático Social (PDS), pelo qual, ainda em sublegendas, Lourival e Ribamar disputaram o pleito daquele ano.

Apesar do clima de enfrentamento acirrado, com denúncias recíprocas e repetidas de fraude eleitoral e parcialidade judicial (que culminou com um tiroteio, embora apenas intimidatório, na frente da casa do juiz eleitoral em 1972), e até derramamento de sangue na comemoração da vitória do pleito de 1976 – como nunca mais voltou a ocorrer em Vitória do Mearim depois da Redemocratização, ainda bem! – os mandatos de 1970 a 1988 marcaram indelevelmente a história política e administrativa de Vitória do Mearim.

Foi quando as ondas inelutáveis do progresso, impulsionadas pelo desenvolvimento nacional, começaram a chegar em nossa terra: energia elétrica de qualidade, rodovias federal e estadual ligando o Município a centros urbanos avançados e substituindo de vez a navegação fluvial, telefonia na cidade e a ferrovia Carajás-Ponta da Madeira cortando o Município.

O governo de Cristovam Dutra Martins foi o primeiro dessa série, já encontrando o Município relativamente estruturado pelas gestões profícuas de Urany e Ribamar, que, na realidade, tiraram Vitória do Mearim, na década de 1960, de um atraso que ainda tinha características do modo político-administrativo da República Velha ou, pior ainda, do mundo iluminado a lampião do Brasil rural do século XIX. 

Cristovam soube tirar proveito do bafejo de progresso que começava a se esboçar e conseguiu da empreiteira EIT, que então asfaltava a rodovia BR-222, o asfaltamento das principais ruas centrais da cidade – um luxo para o interior do Estado naquela época, tão extraordinário para Vitória do Mearim quanto era grande a pobreza do Município.

O prefeito atuou nas áreas de gestão pública em que lhe era possível melhorar a vida da comunidade e ainda se fez pioneiro em várias outras iniciativas administrativas. Entre suas importantes realizações, a construção da maior parte do cais da orla ribeirinha da cidade (até hoje resistente, em boas condições estruturais), a criação e implantação da Escola Normal Ana Bogea Gonçalves (nosso primeiro estabelecimento de ensino médio) e a instituição, com interveniência do seu conterrâneo e amigo César do Egito (Bogea) Lopes Gonçalves, da bandeira e do brasão municipais, oficializados por lei somente em 1990, por iniciativa do autor destas linhas, então vereador.

O mandato de Cristovam, legalmente, de apenas 3 anos, foi concluído em 30 de janeiro de 1973. No dia seguinte, ele entregou o cargo à prefeita eleita Socorro Mattos. Sua participação nos movimentos políticos locais continuou, entretanto, ativa, sempre ao lado de Ribamar de Mattos, seu amigo de infância.

Cristovam Dutra Martins nasceu em 3 de abril de 1930, na verdade, na vizinha cidade de Anajatuba, filho do também rábula e intelectual André Lobato Martins, natural de São Bento, que pouco depois se mudaria para Vitória do Mearim trazendo o filho pequeno. Este, jovem e com saúde, procurou viver a vida em festa. Ele gostava da convivência com os jovens – dizia o também já saudoso poeta e professor Antonio Moyses da Silva Netto, amigos que foram pela vida afora. Gato Preto, como apelidaram Cristovam, era um boêmio e amante das artes.

***

Em 1984, aos meus 21 anos de idade, percorria eu as ruas da cidade de Vitória de bicicleta quando, na porta da casa residencial de D. Jorgina Carvalho, ao lado da mercearia do seu sobrinho Dorindo Carvalho Nolasco, ouvi o chamado daquela inconfundível voz grave e forte.

– Cantanhede! Ei, Cantanhede!

Era Cristovam quem me chamava. Atendi-o. Queria parabenizar-me porque soubera que eu havia descoberto, em antigo livro manuscrito da nossa paróquia, cuja consulta o vigário Padre Sergio Ielmetti me havia franqueado, o registro de batismo do grande poeta vitoriense Trajano Galvão de Carvalho, precursor da poesia em louvação à raça negra no Brasil.

Com essa queda que tu tens para as letras, tenho certeza de que ainda contribuirá muito para Vitória – assim, benevolente, arrematou ele a conversa.

Agradecido e encabulado, mas satisfeito, continuei a pedalar...

***

Entre 1998 e 1999, tendo já publicado em livro o meu primeiro exercício sobre a história de Vitória do Mearim, marquei com ele uma entrevista para colher subsídios necessários ao livro seguinte, que seria publicado em setembro de 1999. Encontrei-o visivelmente abatido em sua residência, apartamento do prédio de esquina do Caminho da Boiada com a Rua do Passeio, no centro de São Luís. Então, ele, apesar do nítido ar de cansaço, fez mais do que eu pedia: deu-me as informações pretendidas, mas também me ofertou o seu precioso álbum fotográfico de pessoas, eventos políticos e vistas da cidade de Vitória nos anos 1970, para que eu fizesse cópia.

Extasiado, corri para o Foto Center, na Praça João Lisboa, onde então eu obtinha bons resultados do gênero, como permitia o avanço tecnológico àquela época. Devolvido o álbum, passei a guardar as cópias fotográficas muito bem guardadas. Algumas já vieram a lume nas páginas do jornal Folha da AVL, mas a maioria fará parte do meu trabalho definitivo sobre a história da nossa terra.

***

Cristovam Dutra Martins faleceu em São Luís no dia 21 de março de 1999, com a saúde bastante debilitada.

Ele é patrono de cadeiras da Academia Arariense-Vitoriense de Letras (AVL), fundada em janeiro de 2000, e da Academia Vitoriense (AV), fundada em agosto de 2019.

Neste cinquentenário da posse de um dos melhores prefeitos municipais que Vitória do Mearim já teve, este é o tributo que, reconhecido e agradecido, presto à sua memória.

Que ele descanse em paz! Que o seu exemplo de bom gestor – assim como os de outros bons prefeitos que tivemos – possa ainda um dia frutificar em prol do povo carente desta terra!


Rua Urbano Santos, Vitória do Mearim-MA, noite chuvosa de 31 de janeiro de 2020.

(Washington Luiz Maciel Cantanhede)

50 ANOS DE FUNDAÇÃO DO SINDICATO RURAL DE VITÓRIA DO MEARIM: UMA HISTÓRIA DE LUTAS


EM UM NOITE CHUVOSA COMO ESTA, HÁ 50 ANOS, 
EM VITÓRIA DO MEARIM...

Texto: Washington Maciel cantanhêde







Momentos relevantes das nossas vidas, individualmente, e da vida das comunidades, comumente, passam batidos, sem o devido registro para a história, porque, sob a pressão do dia a dia, acabamos nos esquecendo da sua importância.
Tendo presente o simbolismo que o dia 30 de janeiro adquiriu para Vitória do Mearim há exatos 50 anos - o que só agora, passadas cinco décadas, se pode avaliar concretamente -, não posso deixar de fazer o registro: atinge nesta noite o seu cinquentenário o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Vitória do Mearim.
Fundado pelo meu pai, Antônio Duarte Cantanhede, imediatamente aclamado presidente, mercê do seu inegável carisma, e mais 29 cidadãos vitorienses de boa cepa, quase todos aliando o ofício da agricultura a outras profissões que, juntas, garantiam o pão de cada dia, o STRVM foi mais um fruto do idealismo do grande vitoriense Arthur Macário Lopes Gonçalves.
O Monsenhor, capelão da Polícia Militar do MA, que tantos outros benefícios fez a Vitória, notadamente nos campos educacional (CNEC) e assistencial (Hospital e Maternidade Aliete Belo Martins, nossa primeira casa de saúde), foi quem "vendeu" a ideia do sindicato ao afilhado Antônio Cantanhede, à época, por sinal, seu vizinho na Praça Rio Branco. O padrinho esteve orientando, quando não apoiando, o afilhado, meu pai, praticamente durante todo o tempo de sua permanência à frente do STRVM, de 1970 a 1983.
Disso resultou, por exemplo, assistência de saúde para os sindicalizados e seus dependentes no gabinete odontológico, então adquirido e localizado na própria sede da entidade, e no Hospital e Maternidade; apoio para que o Sindicato obtivesse da Legião Brasileira de Assistência (LBA) a sede própria que até hoje tem (Praça Cônego Eliud Nunes Arouche); e orientação para que a entidade obtivesse do Ministério da Educação a maior quantidade de bolsas de estudo já distribuída em todos dos tempos em Vitória do Mearim, com as quais muitos jovens se mantiveram estudando, inclusive depois de sair de Vitória, por vários anos. 
A esses homens - Arthur Lopes Gonçalves e Antônio Duarte Cantanhede - presto nesta noite as minhas sinceras e comovidas homenagens.
Padre Arthur deixou a vida terrena em 1995. Há 20 anos, é patrono de uma das cadeiras da Academia Arariense-Vitoriense de Letras; e, hoje, patrono de cadeira da Academia Viroriense, fundada em 2019. Meu pai permanece conosco (hoje mesmo, aqui comigo, em São Luís), com a saúde um tanto fragilizada, mas com quase 92 anos de fortes e edificantes exemplos de como deve ser devotado um homem público à sua gente.
Tenho orgulho de ter convivido com Padre Arthur por certo tempo. Tenho orgulho da história do meu pai, homem simples, mas realizador, vivendo hoje o ócio de mais de 90 anos sem débitos com a humanidade, graças a Deus!
Mas tenho orgulho também de ter visto de perto a evolução do STRVM. Seus 30 fundadores - entre os quais, meu tio João Cantanhede, Pedro Pereira Cabral, Francisco Ramos Cabral, Walmir José Rodrigues, Deodato Santos, Raimundo Costa Aragão, Vicente Antônio Gonçalves, Luiz Velez Gomes, Balbino Raimundo Fernandes e Benilde Cantanhede Costa - aos quais imediatamente se juntaram homens como Pedro Policarpo de Alencar, Crescêncio Laudelino Marinho, Elpídio Anselmo Marinho, Lucas Evangelista Marinho, José Ferreira da Silva; e, logo depois, Raimundo Rodrigues Rosa etc. (na sua maior parte, falecidos) são nomes que, de tanto ouvir em criança, jamais se apagarão da minha memória.
Para mim, são heróis, homens que acreditaram num sonho tão improvável (era um tempo de regime de exceção, com a cidadania asfixiada), sonho materializado em uma ata lavrada naquela noite, possivelmente chuvosa como a de hoje, de 30 de janeiro de 1970, na sala de jantar do sobrado da família Gonçalves Maciel, sito na Praça Rio Branco, onde morávamos e onde vivi os primeiros sete anos de vida, por serem os meus pais, naquela quadra, os responsáveis pelo imóvel.
Eram aqueles homens lavradores também criadores, vaqueiros, pedreiros, músicos, alfaiates e profissionais de vasto leque de ocupações, pois não se vivia só de um "ofício" ou de uma "arte" naquele tempo.
O STRVM, porta de entrada para a aposentadoria do trabalhador rural da nossa terra, como, de resto, eram todos quando esse benefício surgiu, em 1971, depois foi  tomando rumos menos assistenciais e mais classistas/reivindicatórios, fruto das pressões sociais por justiça no campo e da abertura democrática do país. Meu pai mesmo ainda formalizou junto ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária pleitos de desapropriações de importantes áreas rurais, algumas deferidas, como Mata do Boi, resultados colhidos de par, embora nem sempre lado a lado, com a luta dos próprios posseiros in loco .
Hoje enfrentando dificuldades oriundas de uma certa visão esganadora dos movimentos sociais, espraiada pelo país a partir do círculo central de poder, como os demais sindicatos brasileiros, o STRVM pode, entretanto, cantar vitória por esses 50 anos de luta e conquistas para a humilde classe dos lavradores vitorienses, inclusive pela visibilidade política que antes não tinha, que resultou na eleição de vários dos seus líderes para representá-la na Câmara Municipal, tendo sido meu pai o primeiro deles, eleito em 1976 com a maior votação até então obtida por um vereador, e reeleito em 1982.
Parabéns, nesta noite, a todos os que fizeram essa história!
São votos de quem ensaiou os primeiros passos na vida pública, que resolveu seguir, vendo e admirando a caminhada reta e frutuosa do seu pai no meio do povo de Vitória do Mearim, juntamente com os seus amigos de todas as horas.

Conjunto Planalto Vinhais, noite chuvosa de 30 de janeiro de 2020.

(Washington Luiz Maciel Cantanhede)

HOMENAGEM A BENEDITA MACIEL CANTANHÊDE



Faleceu no dia 8 de setembro de 2019, no início da noite, a Sra. MARIA BENEDITA MACIEL CANTANHÊDE, de 81 anos, nascida no dia 24 de abril de 1938. Desde 2016 ela enfrentava graves problemas de saúde após sofrer um AVC. Ela foi casada com o Sr. ANTÔNIO DUARTE CANTANHÊDE, ex-vereador de Vitória e ex-presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais e mãe do Dr. Washington Cantanhede, promotor de Justiça, historiador, escritor e presidente da Academia Vitoriense.

Seu corpo foi sepultado no dia 09/09/2019 no antigo cemitério municipal.
Antônio Duarte cantanhêde e Benedita Maciel Cantanhêde

Benedita Maciel Cantanhêde e Washington Cantanhêde

Por ocasião da missa de sétimo dia, seu filho único Washington proferiu um belo e tocante discurso em homenagem a sua querida e amada mãe:

Busquei jeito de começar a escrever esta fala sem me alongar muito, 
respeitando a necessidade de expressar o meu sentimento e o de meu pai, mas 
considerando a especificidade emocional deste momento e até o adiantado da hora, 
porém, mais ainda, tendo em mente, como disse o genial escritor Graciliano Ramos, 
que “a palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi 
feita para dizer" – simples assim.

Nesse sentido, o que me veio à mente foi construir um texto que tomasse como 
referência, na história da vida dos meus pais e, por consequência, na minha história, 
uma data que parece ter sido reservada por Deus para lhes dar, e para nos dar, 
grandes lições.

Refiro-me ao dia 9 de setembro.

Foi no dia 9 de setembro de 1908, dia de lava-pratos da festa da padroeira, 
Nossa Senhora de Nazaré, 111 anos atrás, que a acanhada Vila da Vitória do Mearim 
assistiu estarrecida ao grotesco espetáculo protagonizado por Francisco Raimundo 
Maciel, conhecido como Doura Maciel, homem rude, mas de consideráveis posses, 
criador de gado na região do Japão e circunvizinhança, entre os rios Mearim e Grajaú.

Como de costume, ele então galopava desastradamente o seu bem tratado cavalo 
pelas ruas da vila, enquanto na igreja matriz se encontrava a sua fina e gentil esposa 
Rita Belfort Gomes Maciel.

O cônego Francisco Pimenta Bastos, descendente de ararienses que, procedente 
de São Luís, ali ministrava sacramentos, informado de que Doura Maciel costumava 
fazer aquilo quando já havia bebido bastante, censurou severamente a conduta.

Espanto geral: Doura, sabendo disso, e revoltado porque não estaria embriagado 
ainda, adentrou a igreja ornado de perneira e sem se desfazer das esporas, querendo 
agredir o padre, no que foi impedido por terceiros.

Na mesma ocasião, foi batizado o menino Temístocles, da família Rodrigues, que 
ficaria conhecido como Tomé Rodrigues e, adulto, casando-se com Joana Bacarias, 
geraria vários filhos, dos quais o seu caçula, tão querido por todos nós, é Antônio 
Francisco Bacarias Rodrigues, conhecido como Toninho do Correio.

Os padrinhos de Tomé eram os seus tios Dionísio José Rodrigues (irmão de seu pai)
e Marcelina Rodrigues Chaves (prima de seu pai). Dionísio se casaria com a 
professora Mariquinha Correa, gerando numerosa descendência. E Marcelina, então 
com 17 anos de idade, logo depois também se casaria, deixando grande 
descendência, igualmente.

Batizado Tomé, a vida seguiu o seu curso natural. Horrorizada, todavia, com 
a cena protagonizada porDoura, a jovem madrinha Marcelina, católica, guardou-a 
na memória por décadas a fio. Marcelina já trazia, desde a infância, a concepção de 
que os Maciel Parente (família que, com o passar do tempo, pela redução do 
sobrenome, passara a ser Maciel apenas) tinham “marcação” com o ramo da 
família Rodrigues Chaves a que ela pertencia, haja vista os enlaces polêmicos – um, 
pelo menos, com perda patrimonial – entre homens da família Maciel e mulheres 
da Rodrigues Chaves. O tempo foi passando e novos relacionamentos entre membros 
dessas duas famílias foram acontecendo, gerando mais insatisfação. Um 
desses relacionamentos, entretanto, foi exitoso: o casamento, no início dos anos 1950, 
de Máxima Lopes, sobrinha-neta de Doura Maciel, com João Cantanhede, este, 
fruto do casamento de Marcelina Rodrigues Chaves com Marcelino Duarte Cantanhede.

Em 1960, os anteriores encontros ocasionais na casa de João Cantanhede e Máxima, 
os flirts nas festas animadas no Interior pela banda sob regência do maestro 
Áureo Bartolomeu Franco, e outros contatos fortuitos entre Maria Benedita Silva 
Maciel, parenta de Máxima, e Antônio Duarte Cantanhede, um dos músicos da citada 
banda de Arico e filho de Marcelino e Marcelina, indicam evolução para 
namoro. Marcelina, com a imagem dos Maciel a causar-lhe arrepios, alega que o 
filho já é comprometido e não aprova essa expectativa de namoro. Entretanto, 
a 28 de janeiro de 1961, Antônio Cantanhede comparece ao cartório para dar a registro 
um fato triste: Marcelina havia falecido aos 69 anos de idade.

O namoro de Antônio com Benedita consolida-se. Evolui. Os familiares dos 
namorados passam a conhecer-se reciprocamente. Antônio cai nas graças dos pais da 
noiva: Maria Madalena Silva Maciel, conhecida como Cotinha, e João Benedito 
Maciel, quando jovem conhecido como de João de Doura, agora já chamado apenas 
de João Doura. E Benedita cai nas graças de Marcelino Cantanhede.

Estamos agora no dia 9 de setembro de 1962, dia de lava-pratos da Festa de Nossa 
Senhora de Nazaré. Benedita, uma neta de Doura Maciel, o destemido vaqueiro 
farrista do início do Século, casa-se, na mesma igreja matriz de Nossa Senhora de 
Nazaré onde o seu avô aprontara exatamente 54 anos antes, com Antônio, o caçula, 
dentre os homens, dos filhos de Marcelino Duarte Cantanhede e Marcelina 
Rodrigues Chaves Cantanhede, esta que presenciara e tanto repudiara, por toda
a vida, o procedimento de Doura...

Ao morrer, em 1968, Marcelino Duarte Cantanhede, bem tratado pela nora, tinha-a 
como sua confidente...

No ano seguinte, 1969, eu, filho biológico único daquele casal, estava, no mês de 
junho, poucos dias após completar 6 anos de idade, em pleno êxtase. Vibrava 
intensamente o meu percentual de sangue afro. Afinal, meu pai, de tanto lutar para 
que eu não saísse de casa para as festas juninas debaixo de um “boi-de-cofo”, com 
“lombo” de toalha de mesa de chita, que eu resolvi fazer, rendera-se aos 
fatos e encomendou um boizinho de armação de buriti, todo coberto de pano e com 
lombo caprichado, confeccionado pelo amigo e vaqueiro da família, João Gomes, e 
minha mãe se encarregou de preparar vestimentas e adereços necessários, além de 
convocar outras mães para fazerem o mesmo em prol dos seus filhos.

O bumba-boi organizado de crianças e adolescentes percorre, enfim, as ruas de 
Vitória do Mearim. E eu, “pra dizer” que era o amo, ia na frente, levado pelos meus 
pais, porém – a bem da verdade – mais por minha mãe, pois, se bem me lembro, 
Papai não foi totalmente ativo naqueles momentos, talvez receando pagar mico 
ainda maior... Mas, ela... Ah, como estava radiante, como participou da brincadeira e 
como comandou, de certa forma, o espetáculo público! Há uma foto que 
imortalizou o momento e atesta a afirmação.

Minha mãe, Maria Benedita Maciel Cantanhede, que com a idade de 81 anos fez 
a sua passagem no último dia 8, quis ser comerciante, quis avançar nos estudos 
formais e quis ser servidora pública na área da saúde, aventurando-se a exercer por 
algum tempo cada uma dessas atividades, concomitantemente com a faina doméstica 
de extremosa esposa, minha dedicada e protetora mãe biológica, mãe de criação de 
várias pessoas e dona de casa cheia de gente, que operava, diariamente, o milagre
 da multiplicação do pão.

Obstáculos que se lhe opuseram impediram-na de alcançar aqueles objetivos no 
hostil mundo extramuros ao ambiente familiar das décadas de 1970 e 1980. Será que 
ela foi derrotada? Não, por vários motivos, que aqui não cabe destacar, ela venceu! 
Acho que sobre isso ela diria, como Timóteo na sua Segunda Carta (4: 7-8):

“Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.  Desde agora, a coroa da 
justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não 
somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda.

E eu diria, como na 2ª Carta de São Paulo aos Coríntios (4: 8-11):

“Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não 
desanimados. Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos; 
Trazendo sempre por toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para 
que a vida de Jesus se manifeste também nos nossos corpos; E assim nós, que 
vivemos, estamos sempre entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de 
Jesus se manifeste também na nossa carne mortal.”

A personalidade forte, corajosa e resistente de Mamãe foi forjada pelo permanente desejo 
de progredir, como nos sonhos da meninice carente (em que, no recôndito interior de 
Vitória do Mearim, imaginava, por exemplo, como seriam soldado e padre, pois tais 
figuras ali eram desconhecidas), e pelas experiências de toda a vida, como no fulgor 
da juventude (em que, dividindo o seu tempo entre a convivência com a família no 
Interior e com a madrinha Engrácia Lopes Gonçalves Maciel e outros parentes na cidade,
se impunha pela disposição e pelo talento para as prendas domésticas, bem como 
pela simpatia e pela bela morenice, típica do ramo dos Maciel a que pertence).

Assim, Benedita Maciel Cantanhede foi o porto seguro de que precisava o 
agricultor, pequeno criador, alfaiate e músico Antônio Duarte Cantanhede para 
não esmorecer ao longo da vida, mas, ao contrário, seguir em linha ascendente, 
abraçando atividades para as quais a sua inegável sociabilidade apontava o 
caminho: sindicalismo e política.

E Benedita Cantanhede foi, ao longo dos meus 56 anos de vida, e continuará sendo, 
no tempo que Deus ainda me conceder de vida, a fortaleza diária do meu coração 
e da minha memória, donde saem as lições necessárias para bem viver. E como 
lamento, teimoso na juventude, não ter ouvido bem, e compreendido melhor, 
algumas dessas lições ao longo da vida! Talvez não tivesse cometido certos erros... 
E como doeu (só eu posso saber!) não poder ouvir, pelos 3 anos e meio em 
que ela sobreviveu após o forte AVC que lhe tirou a fala e a maior parte dos movimentos,
o seu chamado para sentar-me à mesa, para seguir o bom caminho e, enfim, para viver
bem a vida – mesmo aqueles chamados mais severos, que a fizeram tornar-se, na
boca do seu primeiro sobrinho, afilhado e filho de criação José Antônio Rabelo, em 
“Dona Benedita, diplomada em lição de moral!”... 

Eu devo a minha existência, a minha constituição material, a minha sobrevivência
 e muitíssimo da minha conduta ao esforço conjunto e consciente do meu pai e da 
minha mãe – é inquestionável. Mas o meu jeito de ser como figura pública 
é, essencialmente, uma invenção de Mamãe. Com efeito, ela foi não somente a mãe que 
me alfabetizou quando eu tinha 3 anos de idade e que, em todos os sentidos, me preparou
 e encaminhou para a vida escolar, tanto em Vitória quanto em São Luís, mas a mãe que 
me incutiu a necessidade de primar pela dignidade, não somente a própria como também
 a alheia, em todas as situações, e a mãe que, inclusive, me iniciou na consciência 
de cidadania.

Afinal, era ela, por exemplo, quem me ensinava o hino nacional naquele distante início 
de janeiro de 1970, quando me alegrava a expectativa de logo cursar o primeiro 
ano primário, tudo acompanhado, sem que se soubesse, por José dos Santos Pereira de 
um cômodo da casa vizinha, onde ele, sigilosamente, se encontrava em momento dos 
mais trágicos para Vitória do Mearim e para a vida daquele amigo do meu pai. Era 
Mamãe quem, na minha infância e adolescência, me recomendava discursos em 
momentos solenes, políticos e/ou festivos, e ainda requeria que eu preparasse o 
“improviso” com antecedência, pois a minha primeira plateia seria constituída de 
um só espectador – ela mesma, dentro de casa, e com elevado grau de 
exigência perfeccionista. Quando não recomendava, mas sabia que a incumbência 
me fora dada por outrem, não deixava por menos:  a primeira exibição seria para 
ela. E assim fui me acostumando...

Foram as histórias pós-almoço ou antes do sono noturno, sobre os fatos e as pessoas 
do passado, de dentro e de fora das suas famílias, contadas por Mamãe, e também por 
Papai, que me fizeram gostar dessa senhora encantadora, sedutora e inalcançável: a 
História.

E vejam: foi, de posse da memória oral que eles compartilharam comigo, que, como
 amante e pesquisador da História, acabei – primeiramente, um tanto por acaso; 
depois, intencionalmente, e como quem cumpre uma missão – chegando ao campo 
da pesquisa genealógica da gente do Mearim, extraindo dos documentos 
mofados e empoeirados dos cartórios e arquivos, eclesiásticos e oficiais, as 
informações mais importantes até agora alcançadas por mim.

Descobri que meus avós paternos, Marcelino e Marcelina, eram primos distantes, 
tanto um quanto o outro, descendentes do primeiro Maciel Parente e da 
primeira Cantanhede da Ribeira do Mearim – condição de que, tudo indica, passaram 
toda a vida sem saber... Descobri que Lourenço Maciel Parente, um fazendeiro do 
Mearim que viveu entre os anos 1760 e 1810, requereu e conseguiu título de 
fidalgo da Casa Real Portuguesa, era ancestral de Marcelino e Marcelina. 
Descobri que ele tinha um irmão chamado Inácio João Maciel Parente, casado 
este com Maria Bárbara Maciel Aranha, com vários filhos, sendo um deles 
José Maciel Parente, o qual, casado com Josefa Joaquina Cardoso, teve um 
filho com o mesmo nome, que, entretanto, passando a identificar-se como 
José Tomás Maciel (eliminou o sobrenome Parente), 
viveu em união, como se casado fosse, com Maria Evarista Nunes, sendo eles os 
pais de numerosa prole, da qual descende a maior parte dos que hoje em dia 
têm o sobrenome Maciel em Vitória do Mearim ou que, mesmo radicados fora 
deste município, sendo reconhecidamente descendentes do casal, ainda 
conservam o sobrenome Maciel.

O filho mais velho de José Tomás Maciel era Francisco Raimundo Maciel, que no seio
 da família foi apelidado de Doura.  Bem, esse personagem já foi referido no início 
da minha fala. Vamos repetir o que lá no início também foi dito: ele foi o pai de João 
Doura Maciel e o avô de Maria Benedita Silva Maciel.

Portanto, Antônio Duarte Cantanhede, filho de Marcelino Duarte Cantanhede e 
Marcelina Rodrigues Chaves – tetraneto, por partes de pai e de mãe, do fidalgo 
Lourenço Maciel Parente – ao casar-se com Benedita Maciel, uniu-se em matrimônio, 
na verdade, a uma tetraneta do seu tio-tetravô, Inácio João Maciel Parente, irmão do 
referido Lourenço Maciel Parente. Entenderam? Complicado, né?

Surpresas, de todo modo: não somente Marcelino e Marcelina eram da família 
Maciel e primos distantes entre si; Antônio e Benedita também!... E Marcelina 
Rodrigues Chaves, que tinha justificada repulsa aos Maciel desde o dia 9 de setembro 
de 1908, morreu sem saber que era também um membro dessa família... Ninguém sabia...

Felizmente, meus pais, casados no dia 9 de setembro de 1962, diferentemente dos 
meus avós paternos, souberam a tempo de refletir sobre o assunto, antes do adoecimento 
de Mamãe. Rimos bastante disso, nós três. Agora era eu quem lhes contava 
histórias – a própria origem deles, a minha própria história ancestral, que tinha 
ficado, durante 
séculos, encoberta pela poeira do tempo...

Pela terceira vez, entra, finalmente, o dia 9 de setembro nesta história: foi quando, na 
última segunda-feira, então completando 57 anos de casados, minha mãe e meu pai 
tiveram que separar-se, por morte dela. Meu pai lembrou o fato na hora em que, 
ao amanhecer, acordando ele de um sono tranquilo que Deus lhe proporcionou na 
noite anterior, eu, com olhos do dia anterior, lhe contei a mais difícil das histórias 
que já compartilhamos – que Mamãe partira ainda na noite passada...

Um longo capítulo dessa história termina aqui: “E o Deus de toda a graça, que em 
Cristo Jesus os chamou à sua eterna glória, depois de haverem padecido um pouco, 
ele mesmo os restaure, sustente e fortaleça, colocando-os sobre um firme alicerce.” 
(1ª Carta de São Pedro, 5:10).

Dedico esta história, antes de todos, ao meu pai, Antonio Duarte Cantanhede, tão 
amoroso marido e pai pela vida inteira; a Antônio Duarte Cantanhede Neto e 
Washington Luciano Silva Cantanhede, co-partícipes da experiência de perpetuação 
do nome, meus filhos. Dedico-a também a Manoel da Silva Barros, irmão de 
criação, casado com a minha prima Francisca Maciel Silva, meus compadres – ela, 
sobrinha de Mamãe, de quem cuidou com extrema dedicação pela quase totalidade
 do tempo da sua debilidade maior. Dedico-a, por igual, a todos os meus parentes que 
foram solidários conosco, presencialmente ou em orações, durante o sofrimento da 
minha mãe, e o faço nas pessoas de Kátia Regina Maciel Silva (Cinda), que foi criada 
por meus pais, de minhas primas-irmãs Antônia Francisca Rabelo Pinto, presença 
constante na vida de Mamãe, e Antonia Francisca Maciel Silva, presença importante 
em vários momentos da vida de Mamãe, inclusive os últimos. Dedico-a, igualmente, a 
todos os cuidadores, amigos e aos muitíssimos compadres e afilhados de Mamãe 
que, também presencialmente ou em orações, ajudaram-nos a superar a dor, e o faço
 nas pessoas de Maria Ribamar Mendes (Caçula), parceira polivalente que, 
inclusive, segurava a mão da minha mãe nos seus momentos finais, e de Maria de 
Matos Lopes, acompanhante solícita e gentil. Dedico-a, finalmente, a todos os que 
nos confortaram, desde antes até hoje, e o faço na pessoa de quem, com amor, tem 
tornado os meus dias menos sombrios, definitivamente mais alegres: Gysele de 
Almeida Martins.

Agradeço, sobretudo, a Deus, pela vida da minha mãe, pela esposa e mãe que ela 
sempre foi e pela família em que tenho vivido. Agradeço, em meu nome e em nome 
do meu pai e dos meus filhos, a todos os profissionais da área da saúde que nos
 momentos críticos de doença de D. Benedita fizeram a diferença positiva para que 
ela vivesse, citando como máximos exemplos o psiquiatra e pisicanalista Francisco 
Frazão, a gastroenterologista Lícia Fonseca e os neurologistas do Hospital Carlos 
Macieira, todos representados na pessoa do conterrâneo e confrade das letras, tão 
essencial no socorro imediato ao AVC sofrido por Mamãe, momento da minha 
maior angústia que ele, mostrando-se médico humano e amigo, me ajudou a 
administrar: Nerly Vale Cutrim.

Manifestamos também a nossa gratidão a todos os que nos prestaram auxílio e 
socorro espiritual, durante a doença de D. Benedita e após o seu falecimento, 
representando-a com um obrigado ao amigo e sacerdote Pe. Osvaldo 
Marinho Fernandes.

Obrigado a todos os parentes e amigos que estão aqui, dirigindo-o à pessoa da 
minha tia Raimunda Maciel de Abreu, irmã caçula de Mamãe.

Digo-lhes: a história sofreu uma parada, mas só por enquanto...

E encerro com palavras de Padre Zezinho, rogando por todos nós, pelas nossas 
famílias, mirando a que Mamãe soube ajudar a construir:

Que nenhuma família comece em qualquer de repente
Que nenhuma família termine por falta de amor
Que o casal seja um para o outro de corpo e de mente
E que nada no mundo separe um casal sonhador

Que a família comece e termine sabendo aonde vai
E que o homem carregue nos ombros a graça de um pai
Que a mulher seja um céu de ternura, aconchego e calor
E que os filhos conheçam a força que brota do amor

Abençoa Senhor as famílias, Amém!

Abençoa Senhor, a minha também!

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