quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

PERFIL DE UM EDUCADOR




José Augusto Silva Oliveira (*)
            Sacerdote, professor, educador, pesquisador, historiador, político e escritor, o Monsenhor Clodomir Brandt e Silva, o Padre Brandt, nome com que se tornou conhecido, nasceu em Colinas, MA, a 22 de novembro de 1917. Filho de Sebastião Gonçalves Silva e Carolina (Sinhá) Brandt e Silva, era o quinto de uma família de nove irmãos. Residiu em Caxias e ingressou no Seminário Santo Antônio, em São Luís, em 1932, ordenando-se padre em 1ᴼ de janeiro de 1943, na catedral metropolitana, por D. Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta. Em discurso pronunciado naquela data, por certo pontilhado de extrema emoção, faz-se destacar: E hoje, que consoladora verdade, fui ungido para o serviço do altar, para a corte de Deus, para o ministério do Altíssimo. Que grandeza! Que esplendor! Que bondade do Pai Onipotente! Fazer de um pobre e fraco homem, cheio de misérias e pecados, um seu sacerdote, um seu ministro, um outro Cristo! Meu Deus, como avaliar a alegria imensa e a exultação incomparável que vive no meu coração a alargar os horizontes da minha vida sacerdotal.
 
O autor deste artigo ao lado da efígie do Pe. Brandt
           
            No dia 2 de janeiro de 1943, um dia após sua ordenação, Pe. Clodomir celebrou sua primeira missa, na Igreja de Santo Antônio, ao lado do Seminário. No dia 3, recebeu sua primeira provisão, assumindo como vigário a Paróquia de São Vicente de Paulo, no João Paulo. Em seguida, foi substituto do capelão da Santa Casa de Misericórdia, Monsenhor Arias Cruz, ocasião reservada a ele pelo destino para assistir aos últimos momentos de enfermidade de seu pai Sebastião, dando-lhe o conforto e a alegria de participar de uma missa do filho, a quem tanto desejara ver ordenado padre, antes de morrer, a 6 de março daquele ano.

            Um ano depois de sua ordenação, foi então nomeado vigário de Arari. Partiu em lancha, saindo da rampa Campos Melo em 1ᴼ de janeiro de 1944, rumo ao desconhecido geográfico, humano e espiritual, conforme suas palavras, chegando a Arari no dia 8, logo tomando posse da paróquia, celebrando sua primeira missa no dia 9, iniciando rapidamente sua missão naquela terra, apostolado de mais de meio século de abnegado empreendimento cristão e exercência de amor ao próximo.

            Além do zelo extraordinário como sacerdote, Clodomir Brandt tomou como prioridade a educação. Começou com dois alunos, uma pequena mesa e três cadeiras, em um dos cômodos da casa que primeiro o recebeu, que logo se tornou pequeno, obrigando-o a transferir-se algum tempo depois para um imóvel alugado com a chegada de novos alunos. No dia 15 de fevereiro, ainda de 1944, fundou o Instituto Nossa Senhora da Graça, colégio para alunos do sexo masculino. Em 10 de junho de 1945, organizou e instalou uma entidade benemérita a que denominou de Associação da Doutrina Cristã – ADC. Dividiu a ADC em quatro secretariados: Assistência e Promoção Humana; Educação; Catequese e Evangelização; e Cultura, objetivando a promoção do homem em todas as suas manifestações de vida.

            Em 1947, fundou o Instituto Bom Jesus dos Aflitos, colégio para meninas. A boa fama do ensino propagou-se por todo o Estado e, não raro, chegavam alunos de outras regiões. O internato, segundo palavras de Diana Brandt, sua tia, e de Carolina (Sinhá) Brandt e Silva, sua mãe, que também dedicaram anos de suas vidas no controle da casa e dos internos, tornou-se famoso no Maranhão e além deste, pelo rigor, não somente dos estudos, mas também por correções de comportamento para a vida, buscando a formação de verdadeiros cidadãos.

            Em 1964, instalou o Ginásio Arariense. Em 1965, fundou o pré-escolar Jardim de Infância Menino Jesus. Em 1969, criou a Escola Normal de Arari e, em 1992, o 4ᴼ Ano Adicional. Atualmente, este complexo educacional tem a denominação de Colégio Arariense. Tudo isto feito à custa de muito sacrifício, em muitos casos com recursos próprios, do seu sustento. Ergueram-se capelas, o colégio se ampliou, surgiu uma biblioteca pública, uma cooperativa, uma escola de artes gráficas, uma escola de música, uma escola de corte e costura, um escola de carpintaria, um jornal semanal Notícias, uma livraria, um laboratório, um ambulatório... Outras coisas foram surgindo e o patrimônio da paróquia de Arari passou a contar como um dos maiores da Igreja do Maranhão.

            Foi um mestre infatigável, um educador sem rival e pioneiro na região. Sem dúvida, a história da educação maranhense, do século XX, não poderá ser contada sem que se faça referência ao Monsenhor Clodomir Brandt e Silva, como afirma José Fernandes, historiografando o Padre Brandt e sua obra redentora (Caderno A, jornal O Estado do Maranhão, de 26 de abril de 1998). A propósito, quando José Fernandes propôs o nome do Pe. Brandt para sócio correspondente do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão – IHGM, inusitadamente fora dispensado o parecer da Comissão Técnica, exigência do regimento da Casa, merecendo aprovação imediata e unânime, demonstração de inequívoca satisfação em ter o pároco de Arari entre os membros daquele sodalício.

            Como pesquisador, historiador e escritor, em meio a tantas atividades, arranjou tempo para escrever vinte e sete livros – romances, teatro e ensaios, inclusive a história de Arari, a genealogia de seus primeiros moradores e da própria família, trabalhos publicados pela Editora Notícias de Arari, também por ele criada. Em Folha caída, minha dor (1989), primeiro romance, relata a história realística do homem do campo, sem terras para plantar, expulso por donos ou pseudo-donos, uma contribuição para o estabelecimento da paz no meio rural em permanente estado de guerra podre, conforme prefacia.

            Antecedendo esta publicação, denuncia em Notícias, de 6 de dezembro de 1980: Quando se anda pelo interior do município, através de rústicas estradas de barro, esburacadas e poeirentas, o que se vê de espaço a espaço, são as ruínas de casas, na quase totalidade de palha, casas que foram abandonadas, destruídas ou queimadas... Para onde foi o povo que sofreu a violência? Foi para as cidades, formar o cinturão de pobreza e de aspirações que desafiam as autoridades com soluções que nunca chegam. Casas abandonadas, restos de casas, lugares de casas, símbolos da injustiça e da opressão. Nos romances que se seguem, Os caminhos de Silvânia (1984); Arnaldo (1988); Luzia dos olhos verdes (1ᵊ ed. 1991; 2ᵊ ed. 1997) exercita o conhecimento da realidade interiorana, retratando experiências religiosas, culturais e sociais.  A semente que cresceu entre espinho (1989), texto para teatro, não é história – é uma interpretação de fatos sociais usando protótipos que podem estar encarnados em pessoas que são da História.

            Jornalista e orador fluente utilizou principalmente o púlpito para o exercício dos seus dons de oratória. Exercendo intensa atividade político-partidária, por mais de trinta anos, conquistou adeptos fiéis e adversários inflexíveis. A sua atuação política, além de polêmica, foi mesclada por lances dramáticos, mormente quando combateu as forças do vitorinismo. Líder absoluto na região, durante considerável número de anos, elegeu deputados em duas legislaturas somente com votação própria. Elegeu quatro prefeitos do município de Arari e a si mesmo vereador majoritário por três vezes.

            Viveu sem multa comodidade ou conforto material maior, missionário de uma pequena cidade do interior maranhense, junto do povo simples, a quem se unira pelos laços do amor. Sobre ele, o imortal D. José de Medeiros Delgado, fundador da Universidade Católica, da qual se originou a atual Universidade Federal do Maranhão, quando arcebispo metropolitano de São Luís, escreveu um trabalho retratando sua personalidade, a que deu o título de Pobreza Sorridente. Todo o seu trabalho realizado e vivido com intensidade foi sustentado no lema por ele criado: Vim para servir. Para ele também são as palavras de São Paulo: Combati o bom combate, cheguei ao termo de minha carreira, guardei a fé. Desde agora me está preparada a coroa de justiça que o Senhor me há de dar em prêmio (2 Tm. 4,7). Faleceu na manhã ensolarada do dia 22 de abril de 1998, aos 81 anos de idade. César Abbas Prazeres, em artigo publicado pelo jornal O Estado do Maranhão, de 29 de abril de 1998, expressa um grande desejo do Pe. Brandt: Daqui não sairei. Morrerei com as garras presas à minha Igreja e a este povo. Seu corpo repousa na nave central da Igreja de Nossa Senhora da Graça, em Arari, MA.


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(*) Professor, Ex-Reitor da Uema, Sócio Efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão (IHGM), Membro Fundador da Academia Maranhense de Ciências (AMC) e Membro Correspondente da Academia Arariense-Vitoriense de Letras (AVL).                       







segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

CINQUENTENÁRIO DA PRIMEIRA TURMA DE GINASIANOS

Texto:
Pedro Barros Neto
Blog: http://barrosnetopedro.blogspot.com.br/


Este ano de 2017 completam-se 50 anos da formatura da primeira turma de ginasianos, em Vitória do Mearim, que fizeram o “Curso Normal Ginasial” na escola denominada ‘Campanha Nacional de Educandários Gratuitos CNEG”, e que depois passou a denominar-se Campanha Nacional de Escolas da Comunidade – CNEC. Era um curso noturno, e funcionava no prédio do Grupo Escolar Estado do Espírito Santo, na rua Urbano Santos.

Atualmente ainda existem escolas da rede Campanha Nacional de Escolas da Comunidade – CNEC, que é pessoa jurídica de direito privado, constituída sob a forma de associação civil sem fins lucrativos, reconhecida de Utilidade Pública Federal pelo Decreto 36.505/1954 e registrada junto ao Conselho Nacional de Assistência Social desde 1951, como Entidade Beneficente de Assistência Social.

Fundada em 1943, na cidade de Recife/PE, como Campanha do Ginasiano Pobre, a CNEC nasceu do ideal de um grupo de estudantes universitários que, liderados pelo Professor Felipe Tiago Gomes, resolveu contrariar a situação instalada - a escola como privilégio de poucos - oferecendo ensino gratuito a jovens carentes. O trabalho voluntário de seus idealizadores se propagou pelo Brasil, comemorando adesões e compromissos que fizeram da Campanha do Ginasiano Pobre - que inicialmente abrigava pedidos de ajuda e orientações para a criação de unidades escolares - a Campanha Nacional de Escolas da Comunidade - reconhecida como o mais expressivo movimento de educação comunitária existente na América Latina.

Até o advento dessa escola, em Vitória do Mearim, ou em várias cidades interioranas do Brasil, o aluno pobre que concluísse o curso primário, parava de estudar e a opção lógica sempre era dedicar-se a aprender um ofício, para ganhar a vida, e assim, as perspectivas de ter uma formação escolar, média ou superior, eram praticamente nulas.

Essa primeira turma tinha uma grande diversidade de idade dos participantes, exatamente porque alguns já tinham concluído o curso primário há muito tempo e outros tinham concluído há menos tempo ou no ano anterior.

Nas imagens do convite, mostradas abaixo, vê-se que a lista de ex-alunos dessa primeira turma tem um grande número de pessoas, que apenas iniciaram o curso em Vitória, mas em seguida foram estudar em S. Luís, pois tinham condições para tal.



O ginásio Cenegista foi levado a Vitória do Mearim na administração de Urany Gusmão da Costa (Punin), e teve como colaboradores e entusiastas os cidadãos vitorienses relacionados abaixo, nas imagens do convite.

A todos que de alguma forma colaboraram com esse empreendimento, minha sincera gratidão.
Aos meus colegas de turma e aos professores e professoras, minha sincera homenagem, carinho e consideração.


Abaixo as imagens do convite da 1a. Turma de ginasianos formada em Vitória do Mearim, em 1967:





QUARENTA ANOS DE HISTÓRIAS E LEMBRANÇAS

QUARENTA ANOS, HOJE


Texto: Washington Luiz Maciel Cantanhêde


Era um domingo, 18 de dezembro de 1977.
Pela manhã, tivemos missa em ação de graças na igreja matriz de Nossa Senhora de Nazaré e a cerimônia de entrega dos certificados no Salão do Centro Social da Paróquia. À noite, um coquetel e a valsa dos concluintes no mesmo local.
Estávamos na Vitória do Mearim de 40 anos atrás. Éramos a primeira turma a concluir o 1º grau completo no Instituto Nossa Senhora de Nazaré, o colégio da Paróquia fundado em 1923 pelo padre Eliud Nunes Arouche, cujo oferta de ensino o padre Sergio Ielmetti conseguira autorização, em 1974, para ampliar. Não fora isso e não teríamos continuado a estudar ali após terminar a 4ª série (primário).
No ano anterior (1976), fôramos testemunhas do início da transferência do colégio, do anexo do lado esquerdo da igreja matriz, onde funcionara desde 1923, para o prédio do Centro Social da Paróquia, antiga casa paroquial.

Agora, a colação de grau, quando terminada a 8ª série (ginásio), e, com um nó na garganta, despedíamo-nos do velho educandário, e uns dos outros, para tomar rumos os mais diversos na vida!

Recordo meu discurso como orador oficial, com palavras especiais de agradecimento e afeto dirigidas aos colegas, aos nossos pais, aos professores, ao diretor e à própria instituição. Concluí, pedindo a Deus que nos assistisse, a nós concluintes, na escalada do saber, e que não nos deixasse esquecer o compromisso expresso em acróstico formado com nossos nomes no convite de formatura: Servir a Vitória sob bênçãos de Deus.

Passados 40 anos, e eu já sob o assédio de 54 invernos, começam a cavar-se as linhas do meu rosto, como diria Shakespeare, e vejo um tanto esmaecida pelo tempo, sob brumas mearinenses, a imagem da criança que, em 1971, sabendo ler e escrever mas ainda precisando de muito para vencer as trevas, foi conduzido pelas mãos resolutas do próprio pai e vestido em calça cáqui, camisa branca e gravata preta, confeccionadas carinhosamente pela própria mãe, passou a assentar-se nos rústicos bancos escolares do Instituto Nossa Senhora de Nazaré.
Tudo começara, para mim e algumas dezenas de colegas, no ano de 1969, embora então nem estivéssemos ainda estudando no Colégio do Padre, como era chamado o estabelecimento de ensino. Naquele ano, o colégio tendia à exaustão. É quando, a 16 de agosto, chega em Vitória do Mearim, de cuja paróquia foi, no mesmo dia, publicamente nomeado vigário pelo arcebispo D. João José da Mota e Albuquerque, o padre italiano Sergio Ielmetti, de 40 anos de idade, sendo recebido festivamente para suceder ao cônego Eliud Nunes Arouche, cansado pelos 71 anos de vida e 47 de incansável paroquiato.
Dentre todas as realizações do padre Sérgio – e são muitas, sem falar no conjunto de obras físicas que realizou –, destacam-se a revitalização e ampliação física e organizacional do Instituto Nossa Senhora de Nazaré, que, aos poucos, foi dilatando o leque de serviços educacionais prestados aos vitorienses, hoje oferecendo os cursos completos do ensino fundamental e médio.
Em dezembro de 1977, ao desbravar a selva da ignorância, revitalizando e ampliando a obra educacional do seu antecessor no Instituto, Padre Sergio acabava de marcar, portanto, a vida de vários jovens, alguns dos quais eram alunos que tinham estudado no colégio da Paróquia desde o início do primário: 
Alda de Jesus Alves da Silva, Américo Azevedo Pereira, Aparecida Martins, Benedito de Jesus Fernandes Dutra, Antonio Alberto Costa da Silva, Cícero Romão Fernandes de Sousa (1),  Deusanir Pereira Viana, Eduardo Fernando Jardim Pinto, Hilton Mariano Rodrigues Filho, Hugo Jardim Dutra, João Benedito Neves, Kalena de Jesus Rocha da Silva, Lucílio Fernandes Lobo, Luzimar de Jesus Souza, Maria Alice Nunes Rodrigues, Maria da Conceição Cavalcante, Maria de Jesus Mendes da Silva, Maria das Dores Pacheco Rocha, Maria do Espírito Santo Fernandes Neves, Maria Isabel Fernandes de Souza, Maria Janileth Sousa, Marieth Dutra da Silva, Marília Rodrigues Pinto, Marisa Vilma Rodrigues, Mary Márcia Marinho Prazeres, Moisés Marinho Gonçalves, Osvaldo Marinho Fernandes, Raimundo José da Silva Filho, Washington Luiz Maciel Cantanhede e Zenilde Teles Santos.


Relembro passagens memoráveis da minha história no INSN: as boas notas, mas também os atos de insubmissão que me valeram a repetição de centenas de frases, a “prisão” além do horário normal das aulas e as suspensões (poucas); os exercícios de leitura em voz alta, de frente para a turma, que me ensaiaram no enfrentamento do público; as pesquisas difíceis, sem material bibliográfico disponível na acanhada cidade (como aquela para relacionar todos os países do mundo com as respectivas capitais, feita precariamente sobre uma representação do globo terrestre!); as aulas revestidas do rigor disciplinar do Pe. Sérgio Ielmetti e dos professores Maria José Pereira, Celeste do Carmo Freitas Maciel, Haydée Franco Silva, Manoel Joaquim Coimbra Pereira (Manoel da ACAR), Maria Clara Gomes, Iracy Rocha, Germana Silva, Maria Dalva Silva, Severino Antonio Moura de Araújo, Maria da Graça Lira Nunes e vários outros.
E as festividades? Ah, as festas! Comemorações de efemérides, quadrilhas juninas, jograis, peças teatrais, piqueniques etc. E como não recordar a comemoração do cinquentenário do colégio! Com um pequeno cerzido na calça de farda e, por isso, um pouco envergonhado, fiz, na igreja matriz, no dia 9 de setembro de 1973, diante do arcebispo D. João José da Mota e Albuquerque, das autoridades locais e da comunidade, meu primeiro discurso, escrito não sei bem por quem, mas fiel e desembaraçadamente decorado, saudando, “com suma satisfação, ... como representante dos concluintes do 1º ciclo do 1º grau ... os primeiros alunos, ... basilares concluintes dos idos de 1923/1927”!
Jamais esquecerei as velhas aulas de educação moral e cívica, a doutrina que o regime de exceção pós-64 criou para a estudantada, mas, que para alguma coisa serviu, pois, nesse particular, ecoam até hoje na minha mente as lições do professor Manoel da ACAR:
- Que é autodomínio? – perguntava o mestre.
- É o domínio de si mesmo – respondíamos, com palavras decoradas do livro de capa verde, amarelo, azul e branco.
A definição é óbvia, mas como essa lição tem sido importante! Quando a adversidade bate à porta, vem a lembrança: preciso de autodomínio! (É manter o controle dos nervos e a ameaça de desespero vai embora...).
Mais ainda exigia o marcante professor – “Defina o caráter”.
E nós: “O vocábulo caráter vem de um verbo grego que significa ‘marcar’; o caráter é, pois, a marca de uma pessoa”.
Preciso dizer mais a respeito da importância de ter isso sempre presente na vida?!... 


Portanto, celebremos hoje, 18.12.2017, o tempo que passamos juntos ali, de salutar memória, e os quarenta anos de vida subsequentes, vividos, sem dúvida, de uma forma ou de outra, sob os influxos daqueles ensinamentos e daquele tempo bom, tempo do surgimento de laços de amizade sincera, do tipo que nasce sem qualquer interesse mesquinho, a amizade verdadeira, própria da infância e da adolescência, que cultivamos nós, os concluintes da primeira turma do 1º Grau do Instituto Nossa Senhora de Nazaré, em 18.12.1977 (2)

Muito obrigado aos nossos pais, ainda vivos ou in memoriam! Muito obrigado, Monsenhor Sergio Ielmetti!
...................
(1) Este colega já faleceu, lamentavelmente.
(2) 1986 – o INSN é autorizado a oferecer ensino em nível de 2º Grau, na qualificação de técnico em agricultura; 1988 – o colégio é reconhecido, pelo Conselho Estadual de Educação, para funcionar com o ensino de 2º Grau (atual Ensino Médio); 1998 – a escola começa a oferecer, em nível de Ensino Médio, o Curso de Habilitação para o Magistério de Ensino Fundamental (1ª a 4ª séries).

quinta-feira, 30 de novembro de 2017

AVL COMEMORA CENTENÁRIO DO PADRE BRANDT E SILVA EM ARARI


ALGUNS REGISTROS DA SOLENIDADE
25/11/2017









José Augusto recebe Colar e Diploma de membro correspondente da AVL
(Cadeira 5- Seção Arariense) das mãos do acadêmico Raimundo Rocha Filho

Raimundo Rocha Filho, Paulo Eduardo de Sousa Pereira (membro do IHGM),
presidente Washington Cantanhêde e vice-presidente Arimatéa Coelho

Mesa diretora 

José Augusto Silva Oliveira, sobrinho do padre Brandt,
ao lado da efígie

Capa da edição especial da Folha da AVL


Artigos publicados pela acadêmica Dinacy Corrêa sobre o padre Brandt


Fac-símile da capa da Edição especial da Folha da AVL

LEIA NA ÍNTEGRA A EDIÇÃO ESPECIAL DA FOLHA DA AVL 
ACESSANDO O LINK ABAIXO
http://avl-academiadeletras.blogspot.com.br/p/folha-da-avl-ano-xvii-edicao-especial.html



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Publicamos esta belíssima crônica escrita pelo escritor arariense José Maria Costa.


Crônica: 
Um Tempo do  avesso: Brandt e Silva.

José Maria Costa (*)

Ele era assim...
Já tinha os cabelos brancos, que se arrepiavam com o namorar do vento, e os óculos de aro pesado.
Pelos corredores do Colégio Arariense, quando agitado, andava em passos rápidos. Mas a sola do sapato era tão macia, que surpreendia alunos e alunas em algazarra. “Seu bode, vem cá” era a expressão mais usada. Muitas vezes sobrava tapas e “bolachas” no pé do “escutador de conversa” e muita sorte tinha o indivíduo se “maria pretinha” não lhe afagasse as mãos.

Tinha nos olhos um misto de azul com verde esmeralda e com eles mirava toda a classe por cima. Foi brabo nas décadas de 50, 60 e até metade da década de 70. Depois se amansou, reencontrou-se com a experiência de vida, e passou a fazer literatura. Como escritor, um gênio de pensamentos filosóficos. Foi um idealista, à frente de uma Arari necessitada e carente de quase tudo. Desta bebeu o doce sabor do poder e provou do sabor amargo das decepções, gosto que só aqueles que esquecem os retrovisores da vida sentem, degustam, e seguem em frente, pois afinal a vida é um tecer constante de imaginação e sonhos.

Influenciava no comportamento dos alunos do Colégio Arariense, interno e externamente. Vejamos: o melhor bar nas redondezas do Colégio era o Palhoção. Ali, nenhum aluno ousava adentrar uniformizado com o distintivo do Colégio Arariense para “jogar bilhar”, senão, ao chegar à escola prestava-lhe conta. No mínimo uma suspensão.

Quando estava embestado de “piti”, colocava todo o Colégio Arariense em fila indiana, postava-se em pé, e todos os alunos passavam em revista por ele erguendo a barra da calça e mostrando-lhe a meia preta, prova que o fardamento estava em ordem. Ali era retido quem não estava com o fardamento completo, ou o uniforme não adequado ou paisanos.

Depois que todo o Colégio era passado em revista, os retidos para permanecerem dentro do prédio tinham que confessar o porquê estavam, digamos assim, descaracterizados.

Para adentrar no Colégio Arariense, aquele sino fazia barulho às 7:30h, para alunos da manhã, às 13:15h para os da tarde e às 18:00h para a “santíssima” galera da noite.

Este bendito sino também servia de terapia para alunos rebeldes que tinham que ficar debaixo dele até a boa vontade de Clodomir reinar. Claro, nenhum aluno ia para debaixo do sino porque estava rezando.

Clodomir era esportista, gostava de futebol. Houve um tempo que Arari tinha apenas uma quadra de futsal: a Quadra do Padre. Toda juventude ia pra lá. Uma lanchonete com grife. A lanchonete da Quadra do Padre, sob o comando dos eternos Miguel e Dico Silva, regada com refresco de coco, bananada e abacatada, e muita alegria juvenil. À noite, aquele espaço era o point da juventude de Arari.

O clássico colegial, sempre foi Colégio Arariense e Colégio Comercial. Era como se fosse o Fla x Flu, ou Corinthians e Palmeiras. Era um clima de festa, futricas e fofocas na cidade. Era o Jogo.

Houve um tempo em que Arari só tinha um campo de futebol. Sim, o Campo do Padre. Só tinha um jornal: o jornal Notícias  do Padre. E nós que temos o juízo no lugar, sabemos que existe uma Arari antes do padre Brandt, uma Arari depois do padre Brandt, e esta cidade de hoje, que colhemos os frutos do que ele plantou.

Do profissional do Direito a políticos, jornalistas, escritores, músicos, compositores, maestros e pessoas comuns, se esteve ou passou por Arari, bebeu do saber de Clodomir Brandt e Silva.

Muitas vezes saía a caminhar a pé por Arari, usando chapéu ou com o seu guarda sol preto. Era centralizador, mas bastava convencê-lo com argumentos cabíveis que ele cedia. Montou um teatro em Arari. E ali montei a minha primeira peça para o teatro: Castigo Dividido.

Dificil olhar para Arari e não ver a contribuição do padre Clodomir em tudo. Neste 2017, ano que celebra-se o Centenário do seu nascimento, é importante que cada um de nós ararienses reflitamos o quanto esse colinense enobreceu o nome Arari.

Nunca quis promoção eclesiástica para não ter que ir embora de Arari e por isso e mais que por isso, por tudo que fez. Olha, qualquer homenagem que prestarmos a Clodomir Brandt e Silva, cá entre nós, é pouca por tudo que ele fez e pelo legado que deixou a cada um arariense.

Se formos escrever sobre o padre Clodomir, teremos muito a derramar tintas sobre papel.
Ah, o seu corpo repousa no interior da igreja Matriz de Arari.
Padre Clodomir Brandt e Silva, eu sinto saudades de você!

* José Maria Costa (foto abaixo) é Morador do Arari. Hospeda-se em São Paulo desde 1981. Cronista, romancista, compositor, autor dos livros: Sermão Vermelho, Rua da Beira, Água com Bacuri, Lucianna e Avenida Arari.

Ex-aluno do Colégio Arariense.



















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CONVOCAÇÃO - PRESIDÊNCIA DA AVL

1.      Por este expediente, apraz-me convocá-los para as solenidades que a Academia Arariense-Vitoriense de Letras realizará em comemoração ao centenário do patrono da sua cadeira 09, Pe. CLODOMIR BRANDT E SILVA, no dia 25.11.2017, na cidade de Arari-MA, com a seguinte programação: 
  
19h:30min - Inauguração das efígies do homenageado, no Memorial Padre Clodomir Brandt e Silva e no Colégio Arariense 
20h:30min - Sessão solene festiva, no pátio do Colégio Arariense, com pauta que incluirá:
- pronunciamentos do pároco de Arari, Pe. Raimundo França, e dos membros efetivos da AVL Éden Soares, Creuza Ribeiro e Nerly Cutrim
- apresentações culturais de alunos do Colégio Arariense: jogral e banda musical
- entrega de diplomas a amigos da memória do Padre Clodomir Brandt e Silva
- posse de José Augusto Silva Oliveira como membro correspondente da AVL (ex-reitor da UEMA e sobrinho do homenageado)
- lançamento de edição especial da Folha da AVL, comemorativa da efeméride

2.      Ressalte-se, ainda, que a nossa Academia precisa apoiar a programação cultural e religiosa diurna em comemoração ao centenário do Pe. Clodomir Brandt e Silva, razão pela qual espera-se que todos os confrades e confreiras dela participem, como segue:

05h:00min – Alvorada – programa radiofônico (revival da Voz de Arari) 
06h:00min – Alvorada volante – banda musical do Exército Brasileiro
09h:00min – Missa em ação de graças – Igreja Matriz
10h:00min – Retreta – banda musical do Colégio Arariense – Praça da Bandeira
10h:00min (início) – Atividade “Arari, olhe para o céu” – Praça da igreja matriz - iniciativa de Antônio José Silva Oliveira, Prof. Dr. em Física Atômica e Molecular da UFMA; sobrinho do Padre Brandt. Dr. em Física 
Atenciosamente,  

WASHINGTON LUIZ MACIEL CANTANHÊDE
Presidente da AVL











Reiterando a convocação para as nossas primeiras reuniões de novembro:
a)   Dia 03 de novembro de 2017, sexta-feira (entre o feriado nacional de 02.11 e um final de semana), às 20 horas, no auditório do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Arari, sessão solene, com a seguinte ordem do dia:

- Homenagem à ilustre arariense Francisca Ribeiro Soares (D. Nini Soares), recentemente falecida, viúva e mãe de marcantes personalidades da AVL/Seção de Arari;

- posse do paleontólogo/arqueólogo maranhense Deusdédit Carneiro Leite Filho na Cadeira 06 do Quadro de Correspondentes (Seção Arariense; patrono: José Moreira); e

- apresentação e autógrafos dos novos livros da acadêmica Dinacy Mendonça Correa.


b) Dia 04 de novembro de 2017, sábado, na sede da AVL em Arari, sita no Memorial Padre Clodomir Brandt e Silva, às 15 horas, em primeira convocação; ou às 15h:15min, em segunda; e às 15h:30min, em última convocação, assembleia geral, com a seguinte ordem do dia:

- apresentação e votação de propostas,devidamente fundamentadas, de nomes de personalidades aptas a receberem, nos termos dos Estatutos e do Regimento Interno, o título de Membro Benemérito da AVL, inclusive do ex-reitor da UEMA, professor José Augusto Silva Oliveira;

- apresentação e votação de propostas,devidamente fundamentadas, de nomes de personalidades aptas a receberem diploma de honra ao mérito conferido pela AVL;

- processo de admissão do músico Gérson de Nazaré Ribeiro Figueiredo como membro correspondente da AVL/Seção de Arari: leitura do parecer sobre a elegibilidade;

- discussão e aprovação finais da programação do evento comemorativo do centenário do Padre Clodomir Brandt e Silva pela AVL, em 25.11.2017;

- deliberação acerca da vaga destinada, por eleição em 11.07.2015, à Dra. Maria da Graça Ericeira Tanaka (Cadeira 28 do Quadro de Efetivos), cuja posse fora marcada no final de 2016, de comum acordo, para 16.09.2017, agendamento homologado na assembleia geral de 11.02.2017 como data inadiável para a posse, considerando que ela, entretanto, desistiu de empossar-se em 2017 e apresentou, antes do dia marcado para o ato, motivo de força maior, de amplo conhecimento, para a referida decisão.

Dada a importância de cada uma dessas reuniões, aguarda-se o comparecimento de todos.
Pede-se a justificativa de eventual impossibilidade de comparecimento, notadamente dos acadêmicos que, embora residindo no Maranhão, não tenham comparecido às reuniões realizadas desde agosto de 2016, considerando o que prevê o estatuto da AVL.

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

POSSE DE DEUSDÉTDIT CARNEIRO LEITE FILHO EM ARARI



Dia 03 de novembro de 2017, sexta-feira, às 20 horas, no auditório do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Arari, sessão solene, com a seguinte ordem do dia:

Homenagem à ilustre arariense Francisca Ribeiro Soares (D. Nini Soares), recentemente falecida, viúva e mãe de marcantes personalidades da AVL/Seção de Arari;



Fotos familiares de Dona Nini Soares (Facebook de Rômulo Soares)


posse do paleontólogo/arqueólogo maranhense Deusdédit Carneiro Leite Filho na Cadeira 06 do Quadro de Correspondentes (Seção Arariense; patrono: José Moreira); e




apresentação e autógrafos dos novos livros da acadêmica Dinacy Mendonça Correa.

segunda-feira, 4 de setembro de 2017

AVL REALIZA SESSÃO SOLENE EM VITÓRIA DO MEARIM



SESSÃO SOLENE DA ACADEMIA ARARIENSE-VITORIENSE DE LETRAS - AVL EMPOSSA NOVO MEMBRO, PRESTA HOMENAGENS E LANÇA LIVROS EM VITÓRIA DO MEARIM

Em cerimônia realizada no dia 9 de setembro, na Casa do Professor, em Vitória do Mearim, presidida pelo Dr. Washington Cantanhede, às 21h, a AVL outorgou os títulos de Sócios Beneméritos a dois ilustres vitorienses: José dos Santos Barros (Zequinha Barros), sob o patronato do seu bisavô Major Pedro Nunes Cutrim e Juarez de Jesus dos Prazeres, cujo patrono foi o músico Paulo de Figueiredo Barros e deu posse ao Dr. Antônio de Pádua Santos na Cadeira 3 do Quadro de Correspondentes (por Vitória do Mearim), sendo o mesmo recepcionado pela acadêmica Maria do Amparo Coelho dos Santos. 
Na ocasião, houve o lançamento das obras da confreira professora Dinacy Mendonça Corrêa (Da Literatura Maranhense: o Romance do Século XX e Um Cordel para São Benedito, 3ª edição). 
Também houve a apresentação dos dobrados Os Melecos e Capitão Pedro Lópes Gonçalves, de autoria do patrono Lourenço Pereira Pinto, recuperados pelo acadêmico Pedro Barros Neto
Diogo Barros, Vanja, Patrícia e Carla, filhos de Zequinha Barros, e  Glaciane Barros, sobrinha-neta, estiveram presentes representando a família em tão importante momento. Familiares do patrono do Dr. Pádua, Derval Alves da Silva, também compareceram ao evento.
Também participaram do evento os acadêmicos Nerly Cutrim, Raimundo Rocha, Airton Marinho, Arimatéa Coelho (vice-presidente), o sócio-correspondente Juvenal Vieira e as acadêmicas Maria dos Reis Rocha Mendonça, Fátima Carneiro, Darcy Rocha, Maria do Amparo Coêlho, Gisele de Jesus Soarese Creuza Ribeiro.
A AVL vem cumprindo seus objetivos estatutários e sempre procura valorizar as personalidades marcantes dos municípios que representa - Arrai e Vitória do Mearim. Dezenas já foram homenageados e há muitos listados para receber honrarias da AVL.
Nas fotos abaixo, o registro da sessão.
(Texto: Paulo Tarso Barros, ocupante da Cadeira nº 31 da AVL)
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Mesa diretora 



José dos Santos Barros exibe com alegria
o seu diploma

Juarez de Jesus Prazeres (camisa azul,
seguido pelo acadêmico Airton Marinho)

Carla, Patrícia, Diôgo e Vanja, filhos de Zequinha Barros,
ao lado da Acadêmica Dra, Amparo Coêlho

Os Acadêmicos Dra. Amparo Coêlho e Dr. Nerly Cutrim
entregam o Diploma a Vanja Barros



Dr. Antônio de Pádua fazendo seu discurso

Dr. Antônio de Pádua sendo saudado
pelo Acadêmico e poeta Arimatea Coêlho, vice-presidente da AVL


Acadêmicos Airton Marinho, sócio-correspondente Juvenal Vieira,
Mariano Costa, Nerly Cutrim

Dinacy Corrêa, Antônio de Pádua, Washington Cantanhêdee
Maria dos Reis




Nas fotos abaixo, aspecto do auditório da Casa do Professor


Juarez Prazeres, Carlos Benedito Alves da Silva (Garoto)
e sua irmã Rosinha (filhos do patrono Derval Alves da Silva);
Patrícia Baros e Digo (filhos de Zequinha Barros)



Fotos cedidas por:
Glaciane Barros, Paulo Rogério Sampaio e Dinacy Corrêa

A VIAGEM INCONCLUSA, REMEMORADA 30 ANOS DEPOIS

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