terça-feira, 2 de maio de 2017

AVL REALIZA SESSÃO SOLENE EM COMEMORAÇÃO AOS 184 ANOS DE VITÓRIA DO MEARIM E EMPOSSA NOVO ACADÊMICO




Como parte das comemorações dos 184 anos de emancipação política de Vitória do Mearim, a AVL realizou sessão solene no dia 21 de abril de 2017, sob a presidência do Dr. Washington Cantanhêdeque conduziu de forma admirável os trabalhos.
 O evento aconteceu na quadra de esportes da Igreja Matriz de Nossa Senhora de Nazaré, em parceria com a Prefeitura Municipal através da Secretaria de Cultura. 
Na ocasião, a AVL deu posse ao seu mais novo integrante do quadro de membros efetivos da Seção Vitoriense, o músico e escritor Pedro Barros Neto, que passou a ocupar a Cadeira nº 37, cujo patrono foi o músico e político Lourenço Pereira Pinto, e que teve como antecessor o também músico Tio Zeca (José de Ribamar Duarte), já falecido — e que foi o fundador da cadeira.
Pedro Barros Neto nasceu em Vitória do Mearim, em 23 de março de 1952. Filho de Euzemar dos Santos Barros (Bazinho) e Miriam Bogéa e Silva. Ele é Músico, compositor e autor de crônicas e artigos publicados no seu blog http://barrosnetopedro.blogspot.com.br/. Pedro trouxe a público o dobrado "Capitão Pedro Gonçalves", composto por seu patrono, cuja partitura estava em arquivo público e há muitos anos não era executada. Essa peça musical foi gravada pelo novo acadêmico, sendo muito aplaudida pelos presentes. 
Centenas de pessoas lotaram a quadra para assistir e participar desse momento tão relevante e inédito na história do município. Nunca tantos vitorienses ilustres receberam o reconhecimento oficial e foram tão solenemente homenageados como nesse dia, que foi animado pela excelente banda musical Big Fire, do Corpo de Bombeiros Militar do Maranhão.

Pedro Barros faz seu discurso de posse

Almir Coêlho entregou o Colar acadêmicoa Pedro Barros Neto


Paulo Tarso Barros faz o discurso de recepção

Pedro foi recebido pelo seu irmão, o escritor e poeta Paulo Tarso Barros, ocupante da Cadeira nº 31 (patrono: Ribamar Galiza), que proferiu discurso apresentando o novo integrante.

Em uma cerimônia marcada por muitas lembranças, foram homenageados 49 músicos e atletas, alguns in memoriam, que receberam A Comenda do Mérito Vitoriense. Familiares vivenciaram momentos de grande emoção ao recordar dos seus antepassados, que receberam essa homenagem por parte da AVL e do Município de Vitória do Mearim. 

Para completar tão marcante momento histórico,  a prefeita Dídima Coelho assinou, na presença do padre Isaac Silva, o Decreto de tombamento da Igreja Matriz.

Prefeita Dídima Coêlho entrega o Decreto de Tombamento 
da Igreja Matriz ao padre Isaac Silva
(vide foto abaixo)










OS 30 MÚSICOS QUE RECEBERAM A COMENDA DO MÉRITO VITORIENSE


30 músicos da geração formada por Áureo Bartolomeu Franco, Mestre Arico, contemporâneos artísticos dessa geração ou que por ela foram influenciados em sua arte, a saber: Antônio Franco Cardoso (clarinete), Antônio Duarte Cantanhede (bombardino e trombone), Arão Rodrigues Figueiredo Filho (bateria), Ary Sarmento Cardoso (piston), Augusto Sarmento (piston), Dário Soares (pandeiro), Deoclides Garros Batista (banjo), Deodato Santos Teixeira (sax), Domingos Marinho Neto (maracá), Francisco das Chagas Marinho (trompa), Franklin Leite Dutra (banjo), Graciliano Garros Batista (pandeiro), Itacy Nery Matos Figueiredo (trombone), João Cantanhede (clarinete), José Aragão, (vocal e bateria), José Cordeiro (maracá), José Franco Cardoso (bateria), José Ribamar Borges (bateria e pandeiro), José Ribamar Serejo (sax), Juarez de Jesus Prazeres (tuba), Lourival José Coelho (trombone), Raimundo Maciel (clarinete), Manoel Furtado de Melo (pratos e pandeiro), Milton Soares (trompa), Oscar Rocha Pinto (piston), Raimundo Aragão (banjo), Rubens Bezerra Franco (sax alto), Sebastião Jardim (clarinete), Valmir Rodrigues (piston) e Vicente Antônio Gonçalves (trombone e tuba).

OS 13 ATLETAS QUE RECEBERAM A COMENDA DO MÉRITO VITORIENSE


Também foram distinguidos com a Comenda 13 atletas vitorienses, por nascimento ou por adoção, que disputaram, pela seleção de Vitória do Mearim, os jogos do VIII Torneio Intermunicipal de Futebol do Maranhão, realizado em São Luís pela Federação Maranhense de Desportos, no período de 10 a 25 de dezembro de 1961, sagrando-se vice-campeãos em memorável campanha:
Ademar Coelho Vieira, Antônio Carlos Rodrigues Figueiredo, Arão Almeida Faray Filho, Cristóvão Dutra Martins, Euzamar dos Santos Barros, Itacy Nery Matos Figueiredo, João Bezerra Franco, João Câncio Almeida, Jonas Braulino Correa, José de Nazaré Jardim, José Raimundo Furtado Prazeres, Moacy das Mercês Marinho e Vicente Antônio Gonçalves. Igualmente serão agraciados 4 (quatro) outros atletas vitorienses da mesma geração que estiveram como jogadores da reserva da seleção de Vitória do Mearim no VIII Torneio Intermunicipal de Futebol e jogaram em outras competições da mesma época: Crescêncio Almeida Mercês, Didier Macedo Dutra, José de Ribamar Leite e Lourival Teixeira de Carvalho.
Por fim, o Município prestou homenagem a mais 2 (dois) atletas do passado não tão longínquo do futebol vitoriense, atletas que se notabilizaram na geração seguinte àquela de 1961: Esdras Bezerra Franco, goleador considerado um jogador de talento completo e excepcional; e Antônio Benedito Macedo Dutra (Mandu), goleiro de grande talento que sucedeu a José Jardim na seleção vitoriense e é uma referência quando o assunto é a memória local nessa área.

O TOMBAMENTO DA IGREJA MATRIZ DE NOSSA SENHORA DE NAZARÉ

A Igreja Matriz da Paróquia de Nossa Senhora de Nazaré, criada mediante resolução do rei de Portugal em 1723 é o templo que, depois de um incêndio ocorrido em 1827, foi na sequência reconstruído em pedra e cal, principalmente por iniciativa e mediante recursos da própria comunidade católica local; e é um edifício que guarda, abaixo do seu piso, transformado em pó, o que restou dos antigos vitorienses, ali sepultados ao longo do século 19.


OS QUATRO NOVOS MEMBROS BENEMÉRITOS DA
ACADEMIA AVL 

Durante essa sessão memorável, a AVL concedeu também títulos de Membros Beneméritos a 4 músicos com mais de 80 anos que passam a integrar os quadros da Academia: 

Antônio Cantanhede (membro nº 003 - Patrono: Marcelino Duarte Cantanhede, seu pai, músico; João Cantanhede (membro nº 004 - Patrono: Pedro José Lópes Gonçalves, músico); Vicente Antonio Gonçalves (Vicente Braga), membro nº 005 - Patrono: Antônio Isaias Gonçalves (Antônio Braga), seu pai, músico; Juarez Prazeres (membro nº 006 - Patrono: Paulo de Figueiredo Barros, músico).

Veja quem são os demais Sócios Beneméritos em: 
http://avl-academiadeletras.blogspot.com.br/p/membros-benemeritos.html

A partir da esquerda: João Cantanhede (1), Antônio Cantanhede (2),
Manoel Barros, Oscar Rocha e Vicente Braga (3). Juarez não estava presente.

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O DISCURSO DO PRESIDENTE 
WASHINGTON CANTANHÊDE

Eu me recordo!
Era um tempo difícil. Os recursos não eram tão acessíveis quanto o são hoje. Mas aqueles homens eram alegres, compenetrados e, sobretudo, competentes. Gozavam de fama por terem sido discípulos de quem, de fato, tinham sido. Por isso, eram chamados para mostrar o que sabiam fazer até em lugares, naquela época, considerados longínquos.
Eu, criança, os vi muitas vezes ensaiando para isso na minha casa. Eu os via apresentando-se publicamente. E até acompanhava, um tanto à distância, também na minha casa, a entrega a cada um, por meu pai, da quota-parte (o cachê, diríamos hoje), saída da “cotação” (a soma de todos os ingressos pagos) do evento que eles tinham animado. Eram maços e “bolos” de dinheiro – do jeito que o contratante dos serviços recebia em espécie, passava-lhes o numerário adiante. Era a contraprestação pela sua faina de soprar, de percutir e de dedilhar. E como aquele dinheiro honesto foi importante! Saciou a fome, vestiu e curou no seio de cada família daqueles homens, além de equipar as crianças da casa com o necessário material escolar...
Eu, criança, vi quão grande era o respeito que eles devotavam ao mestre que os tinha formado e que, por ser como uma espécie de pai para eles, era apresentado aos seus filhos como um parente idoso muito amado. Eu, particularmente, fui ensinado a chamá-lo de vovô.
Aqueles homens não executavam simples ações de soprar, percutir e dedilhar. Eles eram músicos. E músicos dos bons. Eram, portanto, ações que encantavam e extasiavam, evocavam lembranças, alimentavam amores e despertavam paixões em alvoradas, vesperais, animações de arraiais festivos e bailes que venciam noites, atravessavam madrugadas e podiam até romper manhãs. Num desses, nasceu um projeto amoroso sem o qual eu não estaria aqui agora. Sim. Foi após ver um daqueles homens tocar que uma jovem dez anos mais moça dele enamorou-se e, feitas na casa do irmão dele que também tocava, a desejada aproximação, aquilo, com o tempo, resultou em casamento. Isso começou há mais de 55 anos. Efeito real, em carne e osso, da música do meu pai que encantou a minha mãe: este que vos fala, agora já às vésperas dos 54 anos de idade, vendo-os, com a graça de Deus, apesar dos problemas de saúde, vivos, resistentes e lúcidos para compartilhar este momento.
Aqueles homens, os discípulos de Áureo Bartolomeu Franco, Mestre Arico – cuja morte, em 1976, deixou meu pai, na prática, de luto por algum tempo, e a mim, aos 13 anos de idade, com um insólito nó na garganta durante o velório – não deixaram o sonho do velho professor fenecer. Com o passar do tempo, uns logo faleceram, é verdade, como Rubens Franco, filho do Mestre, virtuose do saxofone, e Valmir Rodrigues, grande pistonista; uns pararam definitivamente de tocar, é verdade, por motivos vários, todos justificados, como Lourival Coelho, que faleceria em 1986, Itacy Figueiredo, falecido no ano passado, e Chico de Hermógenes, ainda ativo familiar e socialmente; outros, pararam e depois voltaram por um curto período, como Antônio Duarte Cantanhede, meu pai, e o seu amigo Juarez Prazeres; mas outros, praticamente, nunca pararam, como Antônio Franco Cardoso, que também já faleceu, mas tocou até pouco tempo antes de falecer, e Vicente Braga e o meu tio João Cantanhede, que até hoje estão aí, associados a Oscar Rocha Pinto, que não foi discípulo de Arico, mas recebeu a influência do legado musical deste, inserido que ficou na geração musical formada pelo velho mestre. Como diz a marchinha com que Pedro Barros Neto, nosso novel confrade na Academia Arariense-Vitoriense de Letras, recém-empossado, homenageou-os no último carnaval: eles continuam aí, “tocando e ensinando / os novos músicos / da nossa bandinha”.
É para esses homens e outros da mesma geração, também influenciados pelo legado musical do velho Arico, que tanto alegraram a vida dos vitorienses, que a AVL presta hoje uma grande homenagem, ao associar-se, nesta sessão solene comemorativa do aniversário do Município de Vitória do Mearim, à Prefeitura Municipal, que vai condecorá-los com pompa e circunstância, entregando-lhes a Comenda do Mérito Vitoriense, em reconhecimento às suas virtudes artísticas e aos atos de excepcional relevância que demonstraram nas suas respectivas carreiras, para satisfação cultural e alegria do povo vitoriense. A AVL homenageia-os também ao conferir a quatro dos discípulos do Mestre Arico ainda vivos os títulos de membros da Casa, integrantes do seu Quadro de Beneméritos, por serem inegáveis os serviços que eles prestaram à cultural local e por estarem, todos eles, com muito mais de 80 anos de idade, dois deles ainda em atividade (Vicente Braga e João Cantanhede), e dois deles, embora já parados, com um largo tempo de atividade musical no passado (Antônio Cantanhede e Juarez Prazeres) – justo reconhecimento à arte musical local. Homenageia-os, finalmente, a AVL ao trazer, com o patrocínio da Prefeitura Municipal, a notável Big Band do Corpo de Bombeiros do Maranhão para apresentar-se nesta solenidade, integrada, entre outros músicos, pelo Subtenente Gérson, filho do saxofonista Benedito Figueiredo, “Seu Bina”, arariense que fez muita parceria com os discípulos de Arico em Vitória do Mearim, a ponto de ser compadre do meu pai, dando-lhe como afilhado exatamente o Subtenente Gérson, aqui presente; Big Band que já foi regida pelo capitão Neliomar, recém-ingresso na reserva, outro arariense filho de arariense, o também músico Manoel Tambor, igualmente parceiro dos descendentes musicais de Arico em muitas apresentações nesta terra.
Agora falo por mim, mas como presidente da AVL. Vejam só: quando se tenta, tenta, mas não se consegue, por falta de talento ou interesse despertado, seguir exatamente os passos do pai e dos seus amigos, só nos resta buscar outros caminhos que, de alguma forma, um dia nos levem a pelo menos reconhecer a importância da caminhada que o pai e os seus amigos fizeram...
Mas não somente os músicos estão sendo homenageados hoje.
Também em reconhecimento às suas virtudes como atletas e aos atos de excepcional relevância que demonstraram nas suas respectivas carreiras, para satisfação cultural e alegria do povo vitoriense, a AVL presta hoje uma grande homenagem a jogadores de futebol do passado recente e de um passado que não remonta a mais de 60 anos. Homenageia-os nesta sessão solene, mais uma vez, irmanada com a Prefeitura Municipal, que também vai condecorá-los com Comenda do Mérito Vitoriense.
O ponto alto dessa homenagem específica rememora o VIII Torneio Intermunicipal de  Futebol do Maranhão, iniciado no dia 10.12.1961, no Estádio Nhozinho Santos, na Vila Passos, em São Luís, promovido pela Federação Maranhense de Desportos (FMD). Era uma das mais populares competições que havia no Estado, causando grande sensação na capital e nas cidades donde provinham as seleções que a disputavam.
Participaram do intermunicipal de 1961 as seleções de Bacabal, Caxias, Guimarães, Humberto de Campos, Ipixuna (a mesma São Luiz Gonzaga), Pedreiras, Pinheiro, Rosário, São Bento, Viana e Vitória do Mearim.
O “Papão do Mearim”, como era chamada a seleção de Vitória, tinha chegado à capital desde o dia 5. Pela grande influência do Cel. Arlindo Faray, que tinha sido comandante da Polícia Militar do Maranhão e era cunhado e primo de Emílio Abraham Faray, o juiz de direito de Vitória do Mearim, e ainda pelo trânsito fácil do delegado de polícia de Vitória e um dos chefes da delegação, Adail José da Costa, nos círculos policiais, a nossa seleção se concentrou e treinou no Quartel da PM, sito na Rua da Palma-Centro, onde hoje é o Convento das Mercês.
Sem um grupo de reservas completo e que tivesse alcançado o mesmo nível dos titulares, os protetores e dirigentes da seleção vitoriense, entre os quais o prefeito municipal, e também um dos chefes da delegação, Urany Gusmão da Costa, providenciaram duas ou três aquisições para o time, como o jogador Orlando, de São Luís; e o jogador apelidado de Nágua Velha, de Penalva, que tinha o sobrenome Furtado e assim foi identificado oficialmente pela FMD – socorreu-me, para que eu possa afirmar isso, o confrade José Farias, cuja esposa é penalvense. Furtado, ou Nágua Velha, faleceu há pouco mais de seis meses.
No dia 10 de dezembro, na solenidade de abertura, o coronel José Pereira dos Santos, presidente da FMD, hasteou o pavilhão do Brasil, enquanto a banda de música da PM executava o hino nacional. Stélio Fonseca, vice-presidente do Moto Clube e dirigente da FMD, leu o juramento do Intermunicipal, que foi prestado pelos competidores presentes. O coronel então, em objetivo discurso, declarou inaugurado o certame. Desfilaram na abertura as delegações de Vitória do Mearim, Pedreiras, Coroatá e Pinheiro.  Seguiu-se a primeira rodada, enfrentando-se no Nhozinho Santos, no jogo inaugural do campeonato, Coroatá e Vitória do Mearim.
A seleção de Vitória, com Deco e Arãozinho, aquele finalizando uma jogada deste, marcou primeiramente. Lambau, completando com êxito uma jogada de Ernesto, venceu, já na etapa final, a perícia de Jardim, e Coroatá empatou o jogo (1 x 1). Terminou assim o período regulamentar. A prorrogação de 30 minutos encerrou-se sem mudança do placar. Seguiu-se a cobrança dos pênaltis. Pinto cobrou as penalidades por Vitória, assinalando dois tentos e desperdiçando uma oportunidade. O adversário, por Coroatá, fez o contrário: perdeu duas e acertou só uma. No final, portanto, por 3 a 2, Vitória mandou os primeiros adversários de volta para casa. A seleção vitoriense jogou com Jardim, Bazinho (João Câncio), Vicente, Mercês, Índio (João Franco), Cristóvão (João II), Pinto, Deco (Índio), Itacy, João II (Deco) e Arãozinho. 
Duas notas curiosas, uma delas muito lamentável: ao final do “cotejo de abertura”, o treinador José de Assis, responsável pelo plantel de Vitória, emocionado com o triunfo, desmaiou; e o estudante Fernando José Bastos, filho de Vitória, aplicado aluno do Colégio São Luiz e enteado do industrial e desportista Nagib Feres, presente no Estádio e também emocionado, ao acender um foguete para comemorar o resultado alcançado pelos seus conterrâneos, detonou-o em uma das mãos, destroçando parte do membro, motivo de ser internado no Hospital Português, onde foi submetido a melindrosa cirurgia. Perdeu, no dia seguinte, a prova final do ginásio e, por isso, a festa de formatura, que estava marcada para o dia 17 de dezembro.
No dia 12, os jornais noticiavam: o treinador José de Assis já estava bem e tinha declarado que os seus jogadores estavam em muito boa forma, tinham recebido “bicho” de 300 cruzeiros pela vitória contra Coroatá e continuariam treinando por toda a semana. Noticiavam também que times da primeira divisão estavam interessados na contratação do “guarda-valas” Jardim e do zagueiro Vicente.
Em uma série de jogos sensacionais, foram classificadas para a fase semifinal, além da seleção de Vitória do Mearim, as de Humberto de Campos, Bacabal, Ipixuna, Rosário e Pedreiras. 
Em semifinal, a seleção de Vitória enfrentou a muito aplaudida seleção de Humberto de Campos, tida como uma das favoritas para o título. Como é comum no futebol, o rival jogou melhor mas perdeu, por excesso de confiança, na partida contra Vitória em 21.12.1961. Aos 33 minutos do 1º tempo, Índio marcou para a seleção de Vitória. Humberto de Campos empatou, convertendo um pênalti aos 10 minutos do 2º tempo. Mas, aos 36 minutos da etapa derradeira, Deco consagrou o placar: 2 a 1 para Vitória do Mearim. Vitória do Mearim jogou com Jardim, Índio, Vicente, Mercês, João Franco, Pinto, Itacy, Jonas (Orlando), Furtado, Deco e Arãozinho.
A 23 de dezembro já se sabia que o vitorioso do jogo entre Bacabal e Rosário seria o adversário de Vitória do Mearim na disputa final pelo torneio intermunicipal. Era grande a expectativa. “As seleções desclassificadas já retornaram aos seus municípios, enquanto desportistas de Vitória do Mearim, Bacabal e Rosário deslocam-se para a capital com a finalidade de dar maior incentivo aos representantes de suas comunas na decisão do VIII Torneio Intermunicipal de Futebol” – noticiava o jornal Pacotilha-O Globo.
O inesquecível embate final foi no dia de Natal, 25 de dezembro de 1961. Registrou Pacotilha-O Globo do dia 26 de dezembro:
 “Movimentadíssimo, sem dúvida, foi o cotejo de encerramento do VIII Torneio Intermunicipal de Futebol. 
Rosário e Vitória do Mearim, reunidos em sensacional duelo, ontem à tarde, no Estádio Municipal Nhozinho Santos, preliaram durante 120 minutos para decisão do cetro máximo do certame patrocinado pela Federação Maranhense de Desportos.
Os rosarienses começaram comandando o marcador, chegando a assinalar 2 a 0 na primeira etapa.  Nos últimos minutos do primeiro tempo, os vitorienses diminuíram a vantagem dos conterrâneos do prefeito Ivar Saldanha (2 x 1). Na fase complementar, Vitória reagiu e obteve o empate (2 x 2).
Com igualdade de marcador, o período regulamentar foi encerrado, sendo inaugurada posteriormente a prorrogação de trinta minutos.
Rosário triunfou pela contagem mínima, mas o atleta Pinto, de Vitória, perdeu uma penalidade máxima, que daria novo empate ao seu selecionado.
Com tristeza, mas de cabeça erguida, assim terminou em vice-campeonato o sonho futebolístico vitoriense de 1961. Deco e Pínto (convertendo um pênalti), tinham marcado para a nossa seleção no tempo regulamentar. Vitória jogou a partida com: Jardim, Índio, Vicente, Mercês; João Franco, Pinto, Itacy, Jonas, Deco, Furtado e Arãozinho (Cristóvão).
Com galhardia, eles foram trazidos de volta para a nossa cidade pela lancha Estrela do Mar.
Dentre os vitorienses que efetivamente jogaram os três jogos do campeonato, já faleceram Bazinho (Euzamar dos Santos Barros), Cristóvão Dutra Martins, Índio (José Raimundo Furtado Prazeres), Itacy Nery Matos Figueiredo, Jardim (José de Nazaré Jardim), João Câncio Almeida, João Bezerra Franco, Jonas Braulino Correa e Pinto (Antônio Carlos Rodrigues Figueiredo). Estão vivos e hoje aqui presentes: o vitoriense por adoção Arãozinho (Arão Almeida Faray Filho) e os de nascença Deco Vieira (Ademar Coelho Vieira), Mercê Marinho (Moacy das Mercês Marinho) e Vicente Braga (Vicente Antônio Gonçalves).
Muitos relatos são ouvidos a respeito dessa história ocorrida há quase 56 anos. Do nosso confrade José Farias, discursando quando de sua posse na AVL, em novembro de 2010, ouviu-se, e depois leu-se no discurso impresso, prazerosamente, estas maravilhosas referências àquele momento marcante da vida cultural vitoriense:
“A participação da seleção de Vitória do Mearim no Torneio Intermunicipal teve o total apoio do Prefeito Urany Gusmão da Costa (Punim) e seu irmão Adail, que era o delegado em Vitória. Conseguiram hospedagem no Quartel da Polícia Militar em São Luís, bem como o técnico José de Assis para treinar a Seleção, um oficial da reserva da Polícia Militar. Tivemos também a cobertura completa dos passos da seleção pelo jornalista vitoriense César do Egito Lopes Gonçalves, que, como diretor de jornalismo da TV Difusora, escrevendo em vários jornais sobre esportes, fez a cobertura completa da Seleção de Futebol de Vitória do Mearim. A União Cultural e Recreativa dos Estudantes Vitorienses-UCREV, com o seu apoio logístico e psicológico, não descuidava de estar sempre presente, junto aos jogadores, para que estes não se desesperassem com saudade da família, o que poderia acontecer. (...) Os jogadores não deveriam ficar sozinhos nem com tempo ocioso. Assim, pela manhã eles tinham o treinamento e à tarde os estudantes iam lhes fazer companhia, levando jornais, revistas, lanches e proporcionando passeios. (...) Ficamos como vice-campeões, mas isto não nos abateu, pois estávamos lado a lado, dizendo aos jogadores que fomos verdadeiros campeões pela luta empreendida.
E era uma verdade incontestável. A festa na chegada em Vitória do Mearim foi uma apoteose. Feita para verdadeiros campeões. A alegria e o contentamento, demonstrados pelo povo ao receber os jogadores, eram indescritíveis. Música com a banda de Seu Arico tocando o sucesso “É com esse que eu vou”, verdadeiro hino da seleção vitoriense, e depois os discursos e prêmios.”
É dito com unanimidade que nunca houve em Vitória seleção igual àquela. Que muitos bons jogadores de futebol surgiram antes e depois dela. Mas que nenhum conjunto de jogadores foi mais talentoso do que aquele do intermunicipal de 1961, até porque permaneceu sem alteração de sua composição durante cinco anos, todos jogando juntos, perfeitamente entrosados e com uma forma física invejável, sem registro de contusões graves nesse período.
Respeitamos essa convicção. Por isso, sobre ela, colheram-se elementos da memória oral, com os jogadores Arão Faray, Vicente Braga e Deco Vieira, e com um atleta da geração seguinte, que também sabe muito sobre o futebol vitoriense, o goleiro Antonio Benedito Dutra (Mandu). Mas, principalmente, fomos buscar nas fontes primárias o que havia a respeito. Sabendo que, se houve, já não há registros documentais feitos pela Liga Esportiva Vitoriense sobre aquela campanha, não fomos, contudo, à Federação Maranhense de Futebol, um dos ramos de sucessão da FMD, buscar súmulas de jogos e outros registros, cuja existência é incerta. Mas fomos buscá-los onde foram lançados com a carga da emoção de quem narra o jogo do dia anterior e da emoção que trespassa o andamento de um campeonato: as páginas de esporte de um jornal de São Luís que existia naquela época, Pacotilha-O Globo. Foi das edições de dezembro de 1961 desse jornal ludovicense que se colheu a maior parte das informações ora reproduzidas, para que não se venha a esquecer jamais daqueles momentos vividos tão entusiasticamente pelo povo vitoriense há quase 60 anos.
A AVL, respeitando essa convicção, associou-se à Prefeitura Municipal na presente homenagem àqueles atletas de 1961, cuja campanha memorável fica, a partir de agora, pela homenagem que estamos, AVL e Prefeitura, fazendo aos seus integrantes, vivos ou já falecidos, como patrimônio imaterial do vasto acervo cultural do povo de Vitória do Mearim. Assim como patrimônio cultural imaterial é já a nossa lembrança da performance do jogador Esdras Bezerra Franco, da geração que sucedeu àquela da  seleção de 61. O confrade Almir Coelho, comentando, em janeiro último, no grupo de WhatsApp da AVL, o falecimento desse outro grande atleta do passado, que tinha ocorrido no dia 18 daquele mês, disse:
Ele foi o melhor jogador de futebol de Vitória do Mearim dentre os que eu vi jogar ainda no auge da forma física e técnica. Chutava muito bem com os dois pés. Muito bom nas cabeceadas. Driblava também muito bem. Tinha ótima presença de área e força física. Goleador, era imbatível na grande e na pequena área. Perfeito. Era meu ídolo e meu amigo.
Parafraseando José Farias, no final do seu discurso de posse na AVL: aos jogadores de futebol ainda vivos e presentes, bem como àqueles já falecidos, agora representados aqui pelos seus familiares, nosso especial cumprimento e o agradecimento por terem feito o povo de Vitória tão feliz!
Senhoras e Senhores,
Vitória do Mearim aniversaria e quem deve receber os presentes são os seus filhos.
O nosso mais importante bem cultural de caráter material é a igreja matriz de Nossa Senhora de Nazaré. Construída pela Coroa Portuguesa e inaugurada em 1784, incendiada em 1827, reconstruída e reformada aos poucos, principalmente mediante esforços financeiros da própria comunidade católica ao longo de quase cem anos, quando o Padre Eliud Nunes Arouche aqui chegou para entregar a sua vida em prol deste povo, em 1922, ele a entendeu ainda inacabada. O edifício, desde então, foi bastante alterado. E nenhum instrumento de proteção a esse tão valioso bem cultural existia até o final dos anos 1990. Foi quando o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) procedeu ao inventário arquitetônico do templo e dos objetos do seu interior, datando-os, na medida do possível, e descrevendo-os tecnicamente, além de fotografá-los e codificá-los em numeração integrada ao conjunto dos bens da mesma natureza existentes no Brasil. São mais de cinquenta itens com grande valor histórico, pela sua antiguidade, e/ou valor artístico, pelo esmero com que foram criados ou o estilo de arte a que se filiam. A igreja matriz de Vitória do Mearim está hoje catalogada, inclusive no que tange ao seu acervo interior, no bojo do Inventário Nacional de Bens Móveis e Integrados. Cada objeto tem um número, a começar pelo templo.
O inventário é uma forma de proteção de bens culturais prevista na Constituição Federal. Descaracterizar bem dessa natureza é ato ilícito, sujeitando o responsável a responsabilização por crime e dano ao patrimônio coletivo. É a letra da lei. Em caso de extravio ou subtração do patrimônio desse tipo, entra em ação a Polícia Federal, que guarda uma cópia do instrumento de inventário.
Mas o inventário, feito pelo Poder Público, não basta para a completa proteção do bem cultural. É preciso que o Poder Público assuma também a responsabilidade, que lhe cabe, de contribuir para a manutenção das características do bem inventariado, mediante auxílio para a conservação e a restauração, sempre que necessário.
Em Vitória do Mearim, desde o ano de 1990, quando foi instituída a Lei Orgânica Municipal, de cuja elaboração estive à frente, existe, exatamente naquele diploma legal, dispositivo prevendo o tombamento da igreja matriz pela Prefeitura, que é a forma de, ao mesmo tempo, proteger e assumir as responsabilidades citadas há pouco. Só que nunca fora feito.
Agora, feliz e finalmente, vem a lume o decreto que os constituintes municipais de 1989/1990, em nome do povo, mandaram que fosse editado. Trata-se de ato da Exma. Sr. Prefeita Dídima Maria Correa Coelho. Particularmente, não poderia esperar algo diferente, sabendo, como sei, que Sua Excelência foi partícipe do processo de criação da Academia Arariense-Vitoriense de Letras, que defende a nossa cultura. Foi partícipe ao receber generosamente em sua casa, para reuniões, os membros do grupo idealizador desta entidade, nos idos de 1999, entre os quais estava o seu marido, Almir Coelho Sobrinho.
O tombamento da matriz toma como base o inventário feito pelo IPHAN no final dos anos 1990, o que significa dizer que, tanto quanto possível, a Prefeitura, em cooperação com a Paróquia, buscará doravante o retorno ao status quo ante, ou seja, a preservação do nosso maior bem cultural material, conservando-o e restaurando-o, a partir do estado em que ele se encontrava no momento do inventário, substituindo por alternativas adequadas as alterações que se procederam em desacordo com aquele levantamento feito pelo órgão federal de proteção máxima do patrimônio cultural nacional.
Senhoras e Senhores,        
A Academia Arariense-Vitoriense de Letras sente-se extremamente honrada em co-participar deste momento em que se presenteiam os músicos da geração formada por Mestre Arico, patrono da Cadeira 6 do seu quadro de membros efetivos, ocupada pela doutora Maria do Amparo Coelho dos Santos, os contemporâneos artísticos dessa geração e os que por ela foram influenciados em sua arte. Sente-se honrada em fazê-lo também quanto aos atletas vitorienses, por nascimento ou por adoção, que disputaram, pela seleção de Vitória do Mearim, os jogos do VIII Torneio Intermunicipal de Futebol do Maranhão, sagrando-se vice-campeãos em heroica campanha, de honrosa memória para o Município. Assim igualmente quanto aos reservas daquele selecionado, que também jogaram em outras competições da mesma época, a exemplo de Didier Macedo Dutra, falecido no ano passado, e Lourival Teixeira de Carvalho, ainda ativo, familiar e socialmente, e aqui presente. E, finalmente, a dois atletas que se notabilizaram na geração seguinte do futebol local, pelo excepcional talento demonstrado (Esdras Bezerra Franco, in memoriam), e tanto pelo talento quanto pela capacidade de manter firme o cultivo do esporte e da tradição que dele se gerou (Antônio Benedito Macedo Dutra, Mandu).
Por fim, reconheça-se, por ser de justiça: a homenagem a esses 49 homens (10 músicos vivos e 20 já falecidos; 06 atletas vivos e 13 já falecidos) só está sendo melhor e na justa medida do que todos eles merecem porque a Prefeitura Municipal atendeu às sugestões que lhe foram feitas. A Exma. Sra. Prefeita, com apurada sensibilidade cultural e espírito máximo de cooperação, acatou a ideia de instituir a Comenda do Mérito Vitoriense e outorgá-la a esses ilustres vitorienses, autores de marcas indeléveis na cultura local, autores de bens imateriais que hoje se integram perfeitamente ao nosso patrimônio cultural, responsáveis por tornar tão alegres o nosso povo em determinados momentos da nossa história.
Mas a noite de hoje não seria completa se, na vertente do patrimônio cultural material do povo vitoriense, não se fizesse algo também. E era preciso fazer algo de máxima importância. Fizemos. Em nome da AVL, fizemos mais uma sugestão, e uma vez mais fomos gentilmente atendidos pela Sra. Prefeita, sempre demonstrando sensibilidade e apreço para com as coisas da cultura da nossa terra, além de compreensão da importância de determinados atos como gestora pública. O que fizemos nesse sentido? A proposta de tombamento da igreja matriz de Nossa Senhora de Nazaré, subsidiada com os dados históricos e técnicos que, resumidamente, já mencionamos neste discurso.
À Prefeita Dídima, assim como ao Conselho Paroquial, e especialmente ao novo pároco, Pe. Isaac, que compreensivamente recebeu a encampou a ideia do tombamento, que tivemos de defender no momento para isso destinado em recente reunião, ficam os agradecimentos da Academia Arariense-Vitoriense de Letras. Contem conosco, Sra. Prefeita e Sr. Vigário, para outras iniciativas do mesmo porte. Da Paróquia a AVL é parceira desde que surgiu, em janeiro de 2000. Da Prefeitura ainda não tínhamos conseguido ser, efetivamente. Não havia abertura para isso e era evidente, ao meu sentir, a insensibilidade da outra parte, o que não nos animava a tentar construir pontes que nos aproximassem mutuamente. Agora o tempo é outro. Graças a Deus, principalmente. E, secundariamente, graças ao povo, que precisa ser, cada vez mais, o verdadeiro dono do seu destino.
Parabéns, Vitória do Mearim, por ontem, que durou 184 anos, contados somente desde a emancipação política plena; e por hoje, que nos aponta um futuro multissecular de progresso e paz!
Sejamos todos muito felizes, sempre!
Muito obrigado. 
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Nota:
Os discursos acadêmicos serão publicados posteriormente.


ALGUNS REGISTROS FOTOGRÁFICOS DO EVENTO








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Fotografias:
Félix Fotos, AVL, Paulo Tarso Barros, João do Som, Prefeitura Municipal e arquivo familiar de Pedro Barros Neto.


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